Um rapaz me abordou na esquina da Avenida São João. Uns vinte anos. Magro como um artista da fome. Sem dentes como se pudesse comer carne só com as gengivas.
A magreza estampada nos olhos: crack. Que doença o vício que tira a consciência e mata neurônios. Olha-me profundamente e diz:
-Só uma moeda. Uma ajudinha. O que teu coração mandar.
Eu: sem um puto de um tostão. Ele: limpando todo o vidro do carro. Eu pensava: que magreza!
Ele tinha uma tatuagem de um nome no antebraço. Parecia as tatuagens que costumo ver em filme que tem presidiário. Os olhos do menino eram verdes e opacos. Abri os vidros e me desculpei. Senti minha a obrigacao de olhar para ele com carinho: o mínimo que eu podia fazer por um cidadão. Será que ele so usa crack e nao come a quanto tempo? E família? Existe? Casa? Banho? Lembro que não tenho dinheiro. Havia dado um real para um outro menino que vi sentado sem esperanca. E esse menino nem tinha pedido moeda! Lá no fim da Avenida Rebouças ele chorava sozinho.
A magreza estampada nos olhos: crack. Que doença o vício que tira a consciência e mata neurônios. Olha-me profundamente e diz:
-Só uma moeda. Uma ajudinha. O que teu coração mandar.
Eu: sem um puto de um tostão. Ele: limpando todo o vidro do carro. Eu pensava: que magreza!
Ele tinha uma tatuagem de um nome no antebraço. Parecia as tatuagens que costumo ver em filme que tem presidiário. Os olhos do menino eram verdes e opacos. Abri os vidros e me desculpei. Senti minha a obrigacao de olhar para ele com carinho: o mínimo que eu podia fazer por um cidadão. Será que ele so usa crack e nao come a quanto tempo? E família? Existe? Casa? Banho? Lembro que não tenho dinheiro. Havia dado um real para um outro menino que vi sentado sem esperanca. E esse menino nem tinha pedido moeda! Lá no fim da Avenida Rebouças ele chorava sozinho.
Digo para o limpador de vidros:
-Não tenho dinheiro.
Ele me olha nos olhos e repete:
-Faz o que teu coração mandar.
Me corta por dentro as palavras daquele menino, limpador de vidros. Certamente, ladrão nas horas vagas. Claro, quando o crack estiver na telha, talvez seja diferente as atitudes do rapaz. Quem sabe esse menino não é como os dois que vi ontem na Rego Freitas?
Cena real: Passo de carro e paro no farol vermelho. Dois homens-meninos estavam abordando um sujeito. Um dos homens-meninos tinha uma faca. Eles bateram e tiraram a carteira e o telefone do que muito reagiu e apanhou na mesma proporção. Pensei o que faço? Ré? Não dava. Pensei em polícia, mas era tudo deserto. Pensei em gritar. Todavia, até eu conseguir pensar nisso tudo, eles já tinham fugido por uma quebrada e o menino roubado corrido em outra direção. Tudo tão rápido. Em um instante tudo era só deserto novamente. Poucos segundos depois o farol tornou-se verde.
Que confusão! Não dá pra acreditar que esse limpador de vidros é tão agressivo quanto os dois da cena de ontem. Será que é tudo ilusão de ótica? Será, só porque agora eu olhava esse menino-homem de outra perspectiva? O limpador de vidros estava tão perto e me olhava tão fundo nos olhos que eu podia ver sua alma.
Ele me viu procurar a moeda. Sentiu o doce de meu olhar e a atitude de cuidadora. Ele olhou o mais dentro de mim que conseguiu. Abri mais os vidros e disse:
-Meu coração manda eu te dar dinheiro, mas não tenho aqui.
Ele disse:
-Você é evangélica?
-Acredito em Deus, respondi.
-Então, me põe ai nas suas oração. Meu nome é Rafael. Não esquece, não! Vai com Deus.
Me cortou o coração. Tanto e quanto que quero o bem dessas pessoas. Quanto e tanto que eu acredito na harmonia de um mundo mais justo. Slowly, dou direção aos pensamentos, de braços abertos a humanidade.
-Não tenho dinheiro.
Ele me olha nos olhos e repete:
-Faz o que teu coração mandar.
Me corta por dentro as palavras daquele menino, limpador de vidros. Certamente, ladrão nas horas vagas. Claro, quando o crack estiver na telha, talvez seja diferente as atitudes do rapaz. Quem sabe esse menino não é como os dois que vi ontem na Rego Freitas?
Cena real: Passo de carro e paro no farol vermelho. Dois homens-meninos estavam abordando um sujeito. Um dos homens-meninos tinha uma faca. Eles bateram e tiraram a carteira e o telefone do que muito reagiu e apanhou na mesma proporção. Pensei o que faço? Ré? Não dava. Pensei em polícia, mas era tudo deserto. Pensei em gritar. Todavia, até eu conseguir pensar nisso tudo, eles já tinham fugido por uma quebrada e o menino roubado corrido em outra direção. Tudo tão rápido. Em um instante tudo era só deserto novamente. Poucos segundos depois o farol tornou-se verde.
Que confusão! Não dá pra acreditar que esse limpador de vidros é tão agressivo quanto os dois da cena de ontem. Será que é tudo ilusão de ótica? Será, só porque agora eu olhava esse menino-homem de outra perspectiva? O limpador de vidros estava tão perto e me olhava tão fundo nos olhos que eu podia ver sua alma.
Ele me viu procurar a moeda. Sentiu o doce de meu olhar e a atitude de cuidadora. Ele olhou o mais dentro de mim que conseguiu. Abri mais os vidros e disse:
-Meu coração manda eu te dar dinheiro, mas não tenho aqui.
Ele disse:
-Você é evangélica?
-Acredito em Deus, respondi.
-Então, me põe ai nas suas oração. Meu nome é Rafael. Não esquece, não! Vai com Deus.
Me cortou o coração. Tanto e quanto que quero o bem dessas pessoas. Quanto e tanto que eu acredito na harmonia de um mundo mais justo. Slowly, dou direção aos pensamentos, de braços abertos a humanidade.
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