terça-feira, 29 de setembro de 2009

Anais Nin


Segue e antecede palavras de Anais Nin
.
"Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos."
"A nossa vida em grande parte compõe-se de sonhos. É preciso ligá-los à ação."
"O único transformador, o único alquimista que muda tudo em ouro, é o amor. O único antídoto contra a morte, a idade, a vida vulgar, é o amor."
"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax é o momento em que o homem descansa dentro dela."
"Escrever deve ser uma necessidade, como o mar precisa das tempestades - é a isto que eu chamo respirar."
"Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança. Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela."

domingo, 27 de setembro de 2009

Devaneios III


Rene Magritte

Inspirado em Maysa

Em cada dia, cada noite, te acharei onde me perdi. A cada dia em uma estrela d'alma meu coração palpitará em luz. Três é o número? No fim da noite, as mãos se separaram; os rumos se trocaram. Nunca mais te vi. A cada dia, toda noite sofro de falta de fome. Sofri de excesso d'água nos olhos. Oh ! Estrela d'alma te acalme!
Eu sempre tive uma certeza: o amor é uma incerteza. Água demais pro coração. Eu quis amar mas tive medo de cair do abismo. Quis salvar o corpo e o espírito do desespero , mas o medo pode matar o coração. Isso eu não sabia até então. Nunca fiz coisa tão certa: perdi o medo do escuro. Minha casa vive aberta, abri todas as portas de meu coração. Hoje não há medo de perder, pois quanto mais generosa sou, mais o amor volta pra mim. Quanto mais cetim na cor do medo mais cortina aberta em mim.

Devaneios II



La magie Noire -1935 Magritte

“Aquilo não era nem uma cidade, nem uma igreja, nem um rio, nem cor, nem luz, nem sombra; era devaneio. Fiquei imóvel por muito tempo, deixando-me penetrar suavemente por esse conjunto inexprimível, pela serenidade do céu, pela melancolia da hora. Não sei o que se passava no meu espírito, nem poderia dize-lo; era um desses momentos inefáveis, em que sentimos em nós alguma coisa que adormece e alguma coisa que desperta”. Victor Hugo- En voyage
Devaneios perpassam noites solitárias. De emoções e raciocínios acontecem os dias. Confesso: nunca fui boa em números, nem em lógica. Fazer programa de computador ou resolver equação de segundo grau nunca me amamentou tanto quanto a métrica de uma poesia. Sinceramente: a fluência de uma boa prosa me engravida. Faço letras de alma. De amor. Obrigação mata por estrangulamento. Não quero me suicidar. Será? Não. Chega. Esqueça: sem estúpidas morais, por favor.
Vou até o fim do abismo, só se for de mãos dadas com você meu amor. O amor me deixa impregnada de vida. Essa noite as cores exalam um brilho de lua cheia. Enche de vida o destino: dias sopram manhãs de luz crepuscular que iluminam mais que sol apino. O tempo muda muito rápido. Será o aquecimento Global? Será o inferno aqui?
Silêncio! Pssss. Tem alguém me chamando. Será alguém de NYC? Ou de algum lado de lá que já me esqueci? Será eu em Paris, África ou Tunísia? Será meu amor no seu peito ou seu gosto no meu inteiro?
Te amo. Te amo mesmo antes de te amar. Te amo por te prever ao meu lado rindo um riso saudável que conforta o espírito vagante que mora em meu corpo. Amo tua miração. Fico aconchegada no calor de palavras perfiladas em perfeição. Para todo o sempre teu beijo me fará sorrir dentro dos teus lábios.
Sou toda-inteira. Toda eu. Toda mulher. Devaneando solitária passeio o corpo pelo edredom vermelho e os dedos trafégam o teclado do laptop.Tem uma tela iluminada que dorme ao meu lado. Parceira de cama. De palavras. De segredos. Me derreto com o calor que as ventoinhas sopram entre minhas pernas. Em devaneios amanheço o dia e logo me vejo online. Vultos se misturam em telas iluminadas e desaparecem entre bordas de chats . Sou banhada de azul.
Bom dia. Good morning. Buenos dias. Bonjour. Guten Morgen. Boker tov. Kalimera... Devaneio nessa modernidade.

sábado, 26 de setembro de 2009

Devaneios



Rene Magritte . Os sapatos vermelhos
“[...] no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente
no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo [...]” (LISPECTOR, 1980, p. 21).


Tem uma angústia vinda de não sei. Hoje, uma mulher segurou a minha mão e me disse chorando que sua vida não prestava. "Minha mãe só briga comigo", disse a mulher de quarenta e tantos anos. Ela, totalmente deseperançada. Eu, pensei: o amor o que é? Gosto de um no outro? Gosto deles e fico vazia. Gostando não me deixo gostar? Vai para além das expectativas a internação de Manuel. Um rapaz tão cheio de graça que um dia ficou louco. Assim mesmo: enlouqueceu do nada. A família nem entendeu. Mandou o rapaz pra fora dos seus aposentos. E só o deixou retornar quando ele recebeu o direito de um salário, benefício, dinheiro. Então, a família recebeu o menino-homem. Porém, familiares não se deram por satisfeitos; interdição foi a próxima palavra que usaram. Manuel pergunta assustado: “Interdição é pra sempre?”.
Tinha outra mãe no recinto que nos encontrávamos. Preocupada. Doente ela própria. Que fazer? As pupilas e as vísceras se retorceram na questão: como um doente segura outro doente quando os dois estão desmaiados?
Se assim fosse os quartos de hospitais não precisariam de enfermeiras; só pacientes que se cuidariam concomitantemente. Seria fácil, todavia a realidade é outra e dura.
Daydreaming é necessário, diz um amigo. Ao sonhar já penso no susto que será meu despertar na manhã seguinte. Quem sabe ainda seja madrugada quando pela manhã canta o galo? Quem sabe ainda. Ainda.
A cama suga. Entretanto, o melhor lugar da casa é o quarto. Aconchegante e solitário. Porque tantos diabos e santos no mundo? Porque tanto o que fazer? Não sou máquina. Não e não. Vou contra as muros. Todavia, me despedaço em cacos de carnes pulsantes quase todas as noites. O plural sempre dá problemas. Se escrevo assim ou assado. Vi ela ou viela. Tem diferença. Eu a vi. A forma interessa? Como objetivar o conteúdo e a forma concomitantemente? Esse é o caminho: o número dois.
Dois! Será possível o número dois? Se eu fosse matemática questionaria os pares. Matemáticos teimam em dizer que não mentem porque são racionais. Mentiras? Gosto mesmo são dos momentos oníricos. Ah, do lado de cá sonho com meu homem me dizendo que me ama pra sempre.
De onde vem as palavas multicoloridas? Gosto das cores, mas estou tocada por um destino abstrato incolor. Estou aplacada com o acaso. Intrigada com o futuro que desconheço. Para onde vou se estou com a cabeça zonza? Para onde vai a energia de quem está sem equilíbrio e decisão? Mas...Por que diabos a decisão tem que existir? Entretanto, se não souber fazer escolhas, nunca serei eu mesma: na integra.
Já imaginou o que é ser na integra? É mais do que uma dor. Mais que amor incondicional. Mais abundante que a água doce no Belém do Pará. Mais que. Ser na integra é alcançar o supremo. O êxtase. O gozo de estar inteiro, aqui e agora.
Há algo melhor do que estar presente no aqui agora? Algo melhor que degustar o presente seja lá qual for? Existe algo mais pleno que hoje, agora?
Amanhã pode não existir. E ontem já passou. Hoje é o supremo. E só vivo hoje se vivo na integra. Eu, self inteira.
Sufoco com porcas pequenas traições. São idiotas as falhas, se na essência se diz a verdade.
Se amo, o faço com todos poros e veias. O agora é corpo e espírito. Alma e razão. Decisão e dança. Amor e amor. Decisões estão recheadas de responsabilidade, mas a decisão não deve abarcar culpa. Quem sente culpa não decidiu. Está sem decisão interna. E o arrependimento? De que adianta esse tal arrependimento? O que adianta são atitudes. As ações internas e externas importam, inclusive muito e mais do que o discurso.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Fragmentos


Henry Miller


Anais Nin


Carta de Henry Miller a Anaïs Nin - Fevereiro de 1932


"[...]terrivelmente, terrivelmente vivo atormentado, e sentindo absolutamente que preciso de você [...]Anaïs, fique do meu lado. Você me envolve como uma chama acesa.[...] Anaïs, quando penso em você, em suas pernas apertadas contra mim de pé, no quarto, tremendo, em cair sobre você na escuridão e não saber de mais nada. E estremeci e gemi de prazer. Estou pensando que se tiver de passar o fim de semana sem vê-la será insuportável.[...] mas tenho que vê-la. Não tenha medo de me tratar friamente. Será suficiente ficar perto de você, olhar pra você com admiração. Eu a amo, é tudo."

("Henry & June: diários não expurgados de Anaïs Nin (1931-1932)", de Anaïs Nin. )

Holoplâncton amoroso



Monet "A primavera"


Para meu futuro e presente amor


Um cheiro de homem
Invade
Respirando tua alma
Tonteio com olhos cor de jade

Molho os poros ao sentir teu pelo
Arrepio a pele ao ver-te no espelho
Dentro e sem fim
Fundo e sempre, te dou o mais profundo de mim

Beijo seus lábios
Sem certeza, medo ou besteira
Beijo teu peito e sinto zonzeira
Sou este momento: tua e inteira

Casos passados não interessam
Em corpo e alma nossos seres se mesclam
De agoras se eterniza nosso futuro:
Você e eu quebrando qualquer obsoleto muro.


Juramento


Romeu e Julieta


De uma Julieta outsider para um Romeu inside.
When he would appear in front of my eyes I'd be falling on the floor dramaticaly
To raise up , lighter and stronger
Better than ever
The realism it will be alive between a lot's of fantasy
When it will be our day baby? Don't kill me! Please say! When?

Me perdi onde comecei, amando aos avessos
Só sei o agora desse novelo, sem fim nem começo.
Amansei o ciúme e disfarcei passando a mão no cabelo
Mas, nada de racional no manejo e dentro do rolo me vejo
E então o que faço? Choro e te beijo


Amanhã não sei
Hoje sou tua
Ontem já desencarnei
Agora sou toda alma nua: pura


Gosto do gosto de gostar
Encharcas de céu meu corpo com o mistério do teu olhar
Licença de perguntar?
Queres comigo te casar?


No ínfimo de ser, penso no amor que te darei
Por noites e dias com meu leite te alimentarei
Dentro dum sorriso eterno d 'alma tua pra sempre serei.