sexta-feira, 9 de abril de 2010

Des- encontro?


Marc Chagall - Au Dessus De la Ville


A tranquilidade embuída de desejo
Mora no mar dos olhos teus
Desconheço a realidade de outrem
Nessa terra de ninguém
Será que para viajar em mares desconhecidos
precisamos do des-encontro com alguém?
Oui. No acúmulo de desencontros,
Findamos sempre por encontrar:
um certo alguém.

Angioperma


Flor Amor Perfeito
O sêmem chora de tanto rir
Aguando alvas pétalas
Frente aos olhos meus.
Quisera chorasse você
Com essa beleza
No ventre que D'us me deu.













quinta-feira, 8 de abril de 2010

Leminski


Mais e mais Leminski. Tenho relido várias poesias desse super sujeito. Uma onda Leminskiana dentro de mim.

Leminski - Razão de ser


Leminski

"Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?"

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Blue Night


Starry Night- Van Gogh 1889

Choro uma só lagrima azul, toda blue. A madrugada fica de olhos despertos. Criam-se buracos no tempo, na alma que se esvaiem em versos. Fica na memória algumas rimas. Fica na estória algumas brigas. Alguma angústia se perpetua estupefante brotando como manjericão nas ventas. Um cheiro alado invade territórios desconhecidos. Cheiro de mato, cheiro de mim. Ei, perdi! Perdi, mas o que foi mesmo que achei nessa busca pelo leite derramado?

Tem uma dor me lambendo os peitos. É essa maldição que dorme de olhos abertos dentro de mim! É preciso ir além dos parques do inconsciente. É extremamente necessário ir além. Entretanto, meus pés estão estagnados no mísero quarto. Vai ser dificil sair desse útero de lençois. Será possível uma explosão interna sem que eu saia do lugar? Terremoto interior? Coisas saiem do lugar dentro de mim. Assisto esse show, e participo. Levanto da cadeira de minhas veias para participar da corrida de sangue. As bolas do vestido vão explodir em serpentinas. Será a nudez mais colorida que já existiu.
Que dor é essa advinda de irraizadas emoções? Quando sabemos de onde vem a dor tudo fica mais simples de se entender. Nomear. Tenho fome de saber nomenclaruras. Todavia, ás escuras, continuo sem memória. Não sei os nomes das ruas, das pessoas... Não sei o nome dessa dor que explode por dentro.
Seria amanhã um dia de trabalho. Seria, se não chovesse vermelho no quarto essa madrugada. Queria estar ocupada de ser feliz. Mas, esse "ser feliz" vem misturado a uma obrigação disfarçada de muitas nuances. Até parece que nunca foi cor primária. Unha laranja. Cabelo negro. Pele branca. Tudo tem uma cor por fora.
Fisga um músculo d' alma. Ai! Acho que deu mal jeito. Pode ser só um problema de postura. Pode ser falta de se exercitar. Minha alma está entrevada essa madrugada. However I m still alive. Ufa. Letras tem o poder de alongar o espírito. Misturo letras aos sonhos que enchem de vida e exaurem. Tanta energia e tanta estória que os fios nos fazem tecer um manto de rosários. Manto do Rosário. Girassol de Vana Gogh. Duas meninas vestidas de azul de Munch. Tudo vira imagem. Cor.
Chorei azul. Chorei só de impulso interno. Só de bebedeira d'alma. A chuva cai em compassos pingados no jardim, no cimento. Por fora tem sangue, e por dentro que será?
Pesam as têmporas. Caiem pensamentos em pedaços alfabetizados. Já não posso. O peso. Peso. A cabeça vai cair. Despencar. Que sorte ter um travesseiro! Em vigília digo: adeus. Au revoir. Goodbye. Adios...A mente desvanece.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Puzze Zen


Um camponês chega em casa e encontra a mulher acocorada ao pé da porta, procurando algo no chão.
Camponês: Que se passa?
Mulher: Perdi o anel do nosso casamento.
Camponês: Aonde o perdeste?
Mulher:Dentro de casa.
Camponês:Mas, então, porque procuras cá fora?
Mulher: Porque aqui há luz.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Direito a dentista


Direito a dentista: uma ação social concreta

“O teatro deve ser um ensaio para a ação na vida real, e não um fim em si mesmo.” Augusto Boal
“Não basta interpretar a realidade é necessário transformá-la” Karl Marx

Ação social concreta continuada está no topo da árvore do Teatro do Oprimido. Nas raízes dessa árvore: ética, estética e solidariedade. Almejamos fazer teatro como política. O "se ver agindo" que o teatro nos proporciona pode revolucionar ações e posturas perante a sociedade. Vamos atuar de forma consciente no palco da vida?
Atualmente participo de um projeto na área de saúde mental, que é uma parceria do Centro de Teatro do Oprimido e do Ministério da Saúde. Trabalho como curinga do Pólo do Litoral Paulista. São muitas as estórias e as transformações, pessoais e coletivas, que observamos durante nosso trabalho. Visito 13 grupos em equipamentos de saúde mental do litoral paulista observando, trabalhando junto com os profissionais da saúde, os usuários de saúde mental, os familiares e a comunidade. O objetivo é introduzir o Teatro do Oprimido como política pública. Os multiplicadores de TO neste projeto são psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, enfermeiras, fonoaudiólogos. Uma das coisas que nos unem é que queremos que o ser humano não seja trancado em hospitais e nossa arma é o Teatro do Oprimido. Foucault em seu livro sobre a história da loucura nos faz perceber que a loucura não é uma entidade física, mas sim construída social, medicamente e politicamente.
Objetivamos que o teatro possa ser utilizado como linguagem e como voz para a comunicação daqueles que são privados do seu o direito de falar. No caso da Saúde Mental a falta de voz se deve muitas vezes a falta de autonomia dos usuários para buscar seus direitos; estes não garantidos de forma satisfatória. Uma dentição saudável, por exemplo, poderia melhorar as possibilidades de articulação verbal, favorecer a comunicação e conseqüentemente criar maior possibilidade de autonomia. O direito a cidadania, a saúde e aos direitos humanos são essenciais a todos, assim pensamos e agimos .O teatro que realizamos não faz milagre. Entretanto, provoca questionamentos e profundas mudanças pessoais e coletivas.
Será que são nossos olhos que ainda vêem os usuários de saúde mental dentro de uma moldura antiga? Será a loucura apenas falta de habilidade de se comunicar? Será ela isolamento, descontrole, delírio, alucinação, embotamento das emoções? Muitos dos pacientes são altamente medicados, logo seria ridículo dizer que não há nenhuma diferença em seus movimentos motores. É real também a dificuldade de relacionamento, porém cada um da sua maneira interage. A interação entre eles é feita no Registro do Pensamento Sensível. Existe a dificuldade do trabalho em grupo, porém se são estimulados eles podem até fazer exercícios complexos que exigem concentração. Será possível ver todo ser humano com dignidade? Não só é possível: é necessário.
Falaremos de um dia de oficina no SELAB (Serviço de Lar Abrigo/ Residência Terapêutica para portadores de doenças mentais), em Santos. Trata-se de uma casa de saúde, de portões fechados, onde moram usuários da saúde mental que não possuem famílias, que tem casos severos. Muitos são remanescentes do antigo Hospital Psiquiátrico Anchieta1. No Selab e todos os equipamentos de saúde que atuamos procura-se humanizar o tratamento psiquiátrico. Há vários profissionais que trabalham em equipe para garantir uma vida sem camisa de força, sem choques elétricos, sem tortura.
Neste dia de oficina de TO, no SELAB, os usuários estavam espalhados pelos cantos e cômodos da casa. Quando chamamos para o teatro aproximadamente vinte se reuniram para a Oficina de TO.O exercício “Zip, Zap” foi feito em roda. Os internos atentos passavam os comandos do jogo em círculo. Por vezes trocavam o zip pelo zap e por outras acertavam: o que acontece na maioria dos grupos que trabalhamos quando aplicamos o jogo pela primeira vez; ou seja todos nós temos dificuldade de concentração e assimilação das regras de um jogo. Imaginem quem toma Aldol, Diazepam, Acineto e outros tantos remédios fortíssimos?
Após o exercício, tentávamos criar uma cena de Teatro Fórum. Porém, havia muita dificuldade em compreender o que seria “uma cena” o que tornava a idéia de construção da cena de fórum impossível. Lembrei-me de Paulo Freire comentando sobre a angústia de planejar e saber que tudo pode ser transformado; se for em pró do diálogo, do conteúdo proposto com a realidade dos participantes. Naquele momento decidimos mudar o curso da oficina e propusemos uma improvisação baseada no Santa Tereza2 ; os personagens eram paciente e médico. Apareceram devaneios em alguns grupos, por exemplo, ao ser perguntado quem faz o médico e quem faz o paciente Marco Antônio responde: sou o acomodado. E Zé Luís completa: e eu sou o preguiçoso. Seria mesmo um devaneio? Ou será possível que eles foram chamados tantas vezes de acomodados e preguiçosos que eles se sentem a vontade para fazer esses personagens?
Em uma outra dupla surgiu a improvisação entre dentista e paciente:

Paciente: Doutor eu preciso arrumar meus dentes. Podre assim ninguém vai querer me beijar!
Doutor: Não! Não dá, é muito caro.
Paciente: Mas eu preciso, preciso arrumar os dentes!
O paciente ao dizer isso mostra os dentes podres ao doutor. O ator que faz o doutor vira-se pra mim mostrando seus tocos de dentes podres e diz:
Doutor que se transforma em paciente: Eu também tô com o dente podre, olha aqui os meus dentes! Eu também quero ir ao dentista!
Quando percebi estava criado um grande círculo em volta de nós, como se estivéssemos atuando em arena. Logo, aparece uma outra usuária fazendo uma Doutora e leva os dois pacientes para o seu consultório imaginário.
Médica: Eu posso tratar seus dentes, só que é muito caro.
Paciente: Então não dá.
Outro paciente: Mas, isso aqui não é um lugar público?
Dentista: Não aqui é meu consultório particular. De graça não tem jeito!

Perguntei se eles queriam ir ao dentista e quase todos levantaram as mãos e mostraram os dentes podres. Como eu nunca havia reparado naqueles dentes podres? Dificuldades de falar: rebaixamento cognitivo, longos anos de tratamento, uso de medicamentos controlados, quadros psiquiátricos associados a quadros neurológicos, perdas advindas dos períodos de crise, falta de dentes. Isso advém da dificuldade de chegar até os recursos (por falta de autonomia) e acessar meios de cidadania.
Ação social concreta continuada necessária: dentista para os usuários internos da residência terapêutica. Eles tem o direito de comer, de falar, de ter saúde! Os usuários ganham benefício mensal e também moram em uma casa de responsabilidade pública. Logo, a responsabilidade pela saúde bucal dessas pessoas não seria também pública? O direito de ser amado, cuidado e respeitado também devem ser concedidos aos que são diferentes. Afinal quem é normal? Certamente estamos falando de pessoas com uma sensibilidade aguçada. Isso deveria excluir alguém do meio social ? O teatro começaria após o teatro que realizamos na oficina.
A coordenadora Sandra Murat junto aos seus funcionários providenciaram a ida ao dentista dos pacientes internos do Selab. O psicólogo e multiplicador de TO Vlamir, informa que x pacientes foram atendidos pelo CEU, após as revindicações ocorridas . Mudanças concretas aconteceram após a oficina através da mobilização tanto da Coordenadoria de Saúde Mental como dos funcionários de Santos. Em parceria com a política púbica local e os cidadãos vamos construindo transformações reais na sociedade.
1Primeiro Hospital Psiquiátrico em Santos fechado pela Reforma Psiquiátrica
2 Técnica de Teatro do Oprimido que trabalha improvisação e criação de personagem

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Silêncio



Pintura japonesa



Silêncio.
Por que procurar no outro se a chave está em si mesmo?
Em quais labirintos estarei me perdendo?
Nesse momento sou tão eu que nem eu mesma me reconheço.
Aqui e agora somos a insustentável leveza do ser .

Inernet Elétrica



Farelos. Nem remédio aguenta nostalgia. Teclo os dedos em variados sentimentos de letras notívagas. A máquina e nós. Desconexão. Essa noite acabou a força.

Pequena confissão notívaga



Passos latejantes invadem sem pedir licença. O chacra do coração tenta se proteger de qualquer fantasia. O quarto chacra é o centro: três chacras em cima e três em baixo. O meio é o equilibrio que transborda leites densos através de veias vermelhas e pulsantes que bombam suor nas artérias. Tudo conjugado. Qual é o segredo do conjunto?
Se há movimento, porque então essa sensação de que tudo é estático? Por que essa sensação da Era do Gelo dentro do vento que sopra o umbigo , o sexo, os poros e o pensamento?.
Tem um amanhecer que dói nos seios. Tem uma dor que descolore o dia. Tudo sem cor . Tudo como jornal amanhecido. Onde foram parar minhas vísceras? Alguém viu??? Alguém viu? Pelos Deuses chamem os bombeiros, chamem os salvadores que não acredito em mais nenhuma voz de alívio.
É continua a dor quase muda, esquecida. Fodida. Tem um pedaço ignoto de mim nesse amorfo estado que me encontro. O incrivel é que tenho capacidade de acordar feliz como se a noite não tivesse escutado os passos invasores na fundura de mim.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Texto de Flávio Gikovate



Texto de Gikovate sobre o estar sozinho
"Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.
Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade..
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não à partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação,há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo..."

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Clarice no fundo do baú



Clarisse Lispector
"Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém está me dando a mão. Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria. Quero olhar sem que a cor dos meus olhos importe." Clarisse Lispector

domingo, 3 de janeiro de 2010

Relendo e re- lendo Rilke


"O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si por causa de um outro ser" Rainer Maria Rilke Cartas a um jovem poeta.


Ganhei esse livro de uma pessoa muito especial em 1993: "Cartas a um jovem poeta" de Rilke. Um livro de cabeceira. Trechos que não canso de reler. A arte da escrita para Rilke é ligada profundamente a vida interior. Escrever para ele tem que ser feito por necessidade como a que temos de comer ou defecar. Veja um pequeno trecho sobre solidão, sobre amor:


"É bom estar só, porque a solidão é difícil. O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita. Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras sào apenas uma preparação. (...) aquele amor persiste tào forte e poderoso em sua memória justamente por ter sido sua primeira solidão profunda e o primeiro trabalho interior com que moldou a sua vida." Rilke