terça-feira, 30 de junho de 2009

Um sopro de vida


Van Gogh " The night"

Trecho de "Um sopro de vida"

Adaptacao livre do romance de Clarisse Lispector.
Para a querida amiga Angela.

Personagens : Angela
Esolda

As duas se entrelacam como mae e filha. Esolda canta uma bela cancao. Elas dividem a mesma cama. Se abracam e se repelem ate que Angela cai.

Angela: Todo dia eu acordo e tenho que ver sua cara. Quer saber, nem sei se gosto da sua cara.

Esolda: Pra que saber? Tem coisa que a gente nao entende mesmo. Quando eu vejo alguma coisa que eu nao entendo, eu sinto uma vertigem mais doce do que bolo de chocolate.

Angela: Bolo de chocolate?

Esolda: Na verdade eu quero dizer que eu nao entendo nada. Finjo ser uma pessoa, mas na verdade nao sou nada.

Angela: Sonhei essa noite.

Esolda: O que voce sonhou? (Silencio) Conta! Vai conta!

Angela: Sonhei que eu era um polidrico de sete pontas, divididas em sete partes iguais, dentro de um circulo. Mas eu nao cabia nele! Tive de ficar pra fora do circulo. Sempre fico de fora. Por acaso eh culpa minha se eu nao sei quem sou? Deveria ao menos saber para onde vou...

Esolda (corta Angela com animacao ): Vamos brincar de casinha?

Angela: Eu vou prepara a comidinha.

Esolda: Entao eu pego o matinho e o arrozinho.

Angela: Vem logo senao a filhinha vai chorar!

Sem mamae e papai elas brincam de " casinha".

Angela: O que voce vai fazer agora?

Esolda: Vou cuidar da vida e voce?

Angela: Eu to me sentindo perdida, como se eu estivesse no Ministerio da Fazenda.

Brincam de cabra cega, pega-pega . No auge da brincadeira Angela do sorriso chega ao choro e pede ao publico.

Angela: Pelo amor de Deus chora! Por favor, chora! Da um grito vermelho. Vai! Da um grito!

Silencio.

Esolda : Voce acha que eu sou pura?

Angela: Pra mim a pureza eh tao violenta quanto a cor branca.

Esolda pega um vestido branco e baila com ele. Da o vestido a Angela, que continua bailando. Esolda coloca uma calca jeans e uma blusa velha. Danca em ritmo oposto ao de Angela. Subtamente as duas param de dancar. Silencio. Esolda olhando-se em um espelho feito so de moldura examina sua roupagem.

Esolda: Eu me sinto bem vestindo mulambos.

Angela: Eu gosto de tudo que eh simples. Por exemplo, hoje no cafe da manha so comi frutas e ovos. Nao quero o sangue rico da carne. Quero comer apenas o que nasce sem dor. O que brota nu como uva.

Esolda: Voce diz cada besteira.

Angela: A pureza, quero a pureza.

Esolda: Tenho uma coisa pra te falar.

Angela: O que eh?

Esolda: Essa noite eu nao vou dormir com ninguem. Sabe porque? Dormir com alguem eh luxuria. Fazer dois de mim! Quero ser apenas um. O numero um nao pode ser dividido por nenhum outro e...

Angela tenta beijar Esolda. Esolda a repele.

Esolda: Fala serio: quem sou eu?

Angela: Voce eh o nada.

Esolda: Quem sou eu?

Angela: Ah, sei la porra. Talvez Strauss, James Joice, Joana D’arc, Maite Proenca. Sei la!

Esolda: Ei presta atencao: eu ja sei. Sou um nome.

Angela: Um nome?

Esolda: Ah, um nome. Claro, todo mundo tem um nome.

Angela: So um nome?

Esolda: Nao. Sabe o que eu sou? Sou uma vertigem. Um trovao.

Angela: Nao entendo.

Esolda: Presta atencao, toda ideia eh inventada. E provavelmente alguem ja inventou antes de voce. Voce acha que eu vou me reponsabilizar por alguma ideia? Nem morta. Eu quero eh a pureza.

Angela: Que saber de uma coisa? Eu nao sei de nada. Eu so sei ir vivendo como o meu cachorro.

Angela ajoelha-se para rezar. Esolda acaricia um cao imaginario e Angela continua rezando.

Angela: Desde que cheguei aqui minha vida eh um desastre. Uma cama vazia. Tem um cachorro aqui dentro latindo. So um latido. Vou latir pra Deus.

Esolda:Quero sair daqui! Mas, eu tenho medo. E se... E se eu encontrar algum morto?

Angela (reza ): Reic meterna domis domis lucis petua lucis tes recas cante part ame. O lago azul da eternidade nao pega fogo. Eu eh que me inceneraria ate os ossos. Eu quero mesmo eh viver um e o po. Que assim seja. Amem.

Esolda: E se eu encontrar qualquer coisa que atrapalhe, eu vou protestar! Vou protestar como um cao que late numa eterna secao de cadastro! Hum! Bem que o computador poderia me ajudar. Que voce acha de viver em uma sala de computadores? Agora existe computador para todos os gostos. Funciona e como funciona! Ja encontrei um grande amor impossivel no Tagged. Tem gente que ate casa e tem filhos pela internet. Verdade! Eu ouvi dizer cada estoria de arrepiar os cabelos. Sabe, me distraio tanto no computador, que ate esqueco de tomar meus remedios. Navegar na net eh como se a gente pudessever um milhao de pessoas ao mesmo tempo, todos em uma unica tela. Blog entra, email sai, uma loucura! Um dia me apaixonei perdidamente por um ingles que se chamava... Ah! A merda essas maquinas. Eu to procurando o meu vazio. Voce viu?

Esolda esta procurando algo muito importante para ela. Angela ajuda a procurar.

Angela: Pode ser aquele?

Esolda: Nao to vendo.

Angela: Talvez o seu vazio tenha saido pra passear, foi dar uma voltinha e...

Esolda: Que merda! Pra que guardar tanta tranqueira? Assim eu nunca vou conseguir encontrar meu vazio.

Esolda esta desesperada.

Angela: Calma. Vai, se acalma! A gente acha.

Esolda: Nunca acho nada! Que merda! Ja faz tempo que eu tento achar uma solucao. Mas... eu nao encontro.

Angela: Que solucao, minha filha?

Esolda: A solucao pros meus problemas. Penso noite e dia, dia e noite e nao encontro. Meu Deus! So pode ser meu fim! Voce acha que chegou o fim?

Angela: Voce ta louca? Vai ser o fim se essa cuca cheia de pensamentos fundir de tanto pensar! Calma!!

Esolda: Voce sabe onde ela se meteu?

Angela: Ela quem?

Esolda: A solucao!

Angela: Quem sabe ela nao ta dentro da sua calca?

Esolda: Onde?

Angela: No meio da sua bunda.

Esolda: No meio da minha bunda... No meio da minha bunda? Para de dizer bobagem! Voce so me deixa mais confusa. Give me a break.

Continuam a procurar a solucao de seus problemas em todos os lugares , de todas as maneiras. Toca o relogio.

Angela: Em que ano estamos? Que dia que eh hoje?

Esolda: E eu eh que vou saber?

Angela: Agora ja eh passado?

Esolda: Talvez.

Angela: E o presente ja eh futuro?

Esolda: Olha!

Angela: O que?

Esolda: Acho que eu encontrei.

Angela: Encontrou o que?

Esolda: A solucao!!! Procurei em todos os lugares, so tinha me esquecido de um.

Angela: Qual?

Esolda: Dentro desta caixa.

Angela mostra uma caixa invisivel

Angela: Eu nao to vendo caixa nenhuma.

Esolda: Nao acredito! Olha aqui na minha mao: uma caixa.

Angela: Ah, eh?

Esolda: Olha, ela tem um afechadura. Mas... eu nao tenho a chave!
Voce sabe onde ta a chave dessa caixa?

Angela: Talvez seja essa.

Da uma chave invisivel para Esolda

Esolda: Qual?

Angela: Essa aqui na minha mao.

Esolda: Mas eu nao vejo nada.

Angela: Entao, honey, vai ser impossivel voce solucionar seus problemas! Ou voce compra um oculos tridimensional, ou entao aprende a ver com os ouvidos e ouvir com os olhos, por que assim nao da! Sei la. Tenta imaginar. Eh isso! Voce precisa imaginar e acreditar na sua imaginacao. Voce imagina que tal coisa esta em tal lugar e entao mais hora menos hora : surpreza: a coisa aparece no lugar que voce imaginou.

Esolda: Nao, nao. Eu so acredito naquilo que vejo.

Angela: Entao, por que eh que voce acredita nos seus problemas?

Esolda: Mas, isso eh diferente! Afinal de contas sao os “meus problemas”.

Angela: Que diferenca isso faz? Como se voce conseguisse ver de frente os seus problemas! Fe, Esolda. Fe. Voce precisa de muita fe.

Periodo Azul


Picasso " Nu sentado"
Suspiro azul e peco para a dor passar. Ugh! Ela, ele, eu , eles todos na sala. Que calor. O convívio soturno assusta alguns. Longe de qualquer contato tatil, ouço murmúrios. São vozes que não dizem nada. Posso ouvi-los. Cantam, bebem e se divertem. Mas e o vazio que procuro? Onde esta? Sinto frio nos pés e continuo suando entre as pernas. Onde esta o meu vazio, porra?
Bebo um trago para esquentar. Espero algum som azul de bocas vermelhas. Porém, nada alem de vomito compulsivo, ate o presente momento. Estou de vestido colorido, coloquei uma mascara antes de sair. Construi uma personagem criada de uma parte de mim. Eu que sou cristal de muitos lados escolhi um lado para essa noite. Um sapato, um vestido, uma cor de batom. Assim eh mais fácil. Eh necessário um figurino que me proteja no meio dessa gente. Tudo blue. Essa noite esta quase um dia vermelho escurecendo o pigmento do meu olhar que não quer clarear aos sons dos tamborins. Essa noite não. Silencio.
Pesa as têmporas e a retina de alguém, dentro dessa sala transiberiana, foi tirada do lugar. Quem foi que aplicou o soco final? Quem saberá? No escuro das moitas acontece coisas invisíveis. Essa moita eh o sofá. Estou no sofá, transbordando de sentimento. Posso desmaiar a qualquer momento. De repente os ossos do pescoço estalam e me acordam do pesadelo de sonhar no meio da multidão. Ah! Ainda estou aqui: só espírito, músculos, pele e retinas. Os pensamentos diluídos no corpo energético criam acao interior. Sou toda interior. Será o mundo exterior uma ilusão? Tudo acontece enquanto eu não me movo. Ali o mundo, o tudo e eu parada no sofá azul.
Sempre há uma musica. Depois do silencio veio o tamborim, as vozes e o por ultimo o saxofone. Quando o saxofone começou a chorar um jazz suei pelos olhos de alegria. Não havia nada alem do som. Será que encontrei o vazio? Meu vazio?
Bela madrugada. A noite no sofá azul tem um brilho de estrelas para os que repousam no momento presente. Sigo , suspiro, canto e danço sem me mover: tudo azul e eu parada por fora em tempestade interna.

sábado, 20 de junho de 2009

Amor: concentração, disciplina, fé e paciência.


Monet's Garden at Argenteuil. 1873
"Toma as minhas mãos ainda quentes, galopa no meu dorso, tu que me lês, galopa, não é sempre que vais ver alguém que é um feito de três, assim a tua frente(...)há em mim toda uma avalanche de verdade, há todo um vir a ser inusitado, água, lama, rocha perene em mim, e eu sou tão pequenininho, e tão verdadeiro que os pássaros vem aprender o seu canto em mim." Hilda Hist Fluxo-Floema
Penso ser o amor um fenômeno social. Como tal gosto de estudá-lo. Sentí-lo. Amar é a necessidade básica, mais profunda do ser humano. Erich Fromm diz que o amor é uma arte. O que imprensindível para o aprendizado e prática de uma arte? Segundo Fromm, o necessário é a concentração, a disciplina, a fé e a paciência. Em todas as artes, inclusive na arte de amar.
A concentração é algo difícil de se atingir na sociedade hiperartiva em que vivemos. A falta de concentração evidencia-se ao identificarmos que não conseguimos ficar sozinhos com nós mesmos. Amor = concentração, disciplina, fé e paciência.
É necessário esvaziar a mente. Deixar que as atividades externas e internas fluam; que os pensamentos repousem e fiquem presentes no aqui-agora. O homem deveria concentrar-se em cada atividade que realiza. Entretanto, ao contrário, é buscada a fuga do presente, refugiando-se no passado que não se repete; ou no futuro que pode nunca vir a existir.
Ás vezes, a fuga esta na atividade, como por exemplo no ato de fumar; atividade que ocupa a mão, a boca, os olhos, o nariz . Fundamental a prática da concentração no dia-a-dia: qualquer atividade realizada sem concentração nos deixa sonolentos e ao mesmo tempo no fim do dia não conseguimos dormir.
A capacidade de ficar sozinho é a condicao para a arte de amar. Quando encontramos o outro e nos concentramos, amamos? Concentrar-se em relação ao outro significa ter capacidade de ouvir. Concentrar-se em relação ao outro e a si mesmo significa estar plenamente presente e não pensar no que se tem que fazer em seguida ao mesmo tempo que se esta fazendo algo.
Disciplina é um outro ponto importante já que qualquer arte requer disciplina. Porém, o homem moderno acredita que ao ficar oito horas por dia no escritório está concentrado. Trabalha e trabalha e depois não consegue fazer nada com o tempo livre. De fato, não consegue ser produtivo. A autodisciplina não parece estar incluída nos modelos militares de disciplina que nos influenciam. A dominação do outro superior esmaga nossa possibilidade de nos autodisciplinar. O que ocorre é que vivemos em uma sociedade com homens caóticos e desconexos, homens que desconhecem seu próprio eu. O ideal é que a disciplina seja algo que vem de dentro para fora. Disciplina de meditar, de ler, ouvir música, não comer ou beber demais... Quando nos habituamos a disciplina, se não a praticamos, sentimos falta dela.
A paciência é necessária pra realizar o que quer que seja. Na sociedade em que vivemos aprendemos que devemos ser "rápidos". O quanto mais depressa fizermos nossos afazeres melhor. Rapidez é eficiência. Será? E a paciência? O homem moderno sempre quer fazer tudo correndo, porque acha que esta perdendo tempo. Entretanto, quando tem tempo não sabe o que fazer com ele , alem de “matá-lo”.
Vale lembrar que a prática da arte de amar depende de nossa capacidade de ter fé. Ter fé em uma pessoa, por exemplo, significa ter certeza da confiabilidade e da firmeza de suas atitudes fundamentais, de sua personalidade e do seu amor. Somente quem tem fé em si pode ser fiel aos outros. A fé, em si, nos da confiança para sabermos que amanhã seremos em essência , o mesmo que somos hoje, portanto poderemos agir como nos propomos . Óbvio que o mundo e as pessoas estão sujeitos a mudanças, porém o que importa é o que somos em essência e a fé em nosso próprio amor. Para praticar a fé é necessário ter coragem. Como diz Fromm: “ Amar significa comprometer-se sem garantia, entregar-se completamente na esperança que nosso amor produzirá amor na pessoa amada. Amar é um ato de fé, e quem tem pouca fé também tem pouco amor”
Com disciplina, concentração, fé e paciência sigo meu caminho de formiga. Custo a ver o tamanho dos meus passos, mas sigo na direção da arte de amar.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Gravida de perguntas


“A vida que não passamos em revista não vale a pena viver.
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.
É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.
Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem.
A ociosidade é que envelhece, não o trabalho.
O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.
Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado.
Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes.
Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados.
O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia.
A verdade não está com os homens, mas entre os homens.
Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente,

ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.
Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir.
Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.
Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.” Socrates


A Verdade é Relativa?
(Um diálogo entre Sócrates e Protágoras)
por Autor Desconhecido

Protágoras: A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.
Sócrates: Você quer dizer que a verdade é mera opinião subjetiva?
Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você, é verdade para você, e o que é verdade para mim, é verdade para mim. A verdade é subjetiva.
Sócrates: Você quer dizer realmente isso? Que minha opinião é verdadeira em virtude de ser minha opinião?
Protágoras: Sem dúvida!
Sócrates: Minha opinião é: A verdade é absoluta, não opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente em erro. Visto que é minha opinião, então você deve conceder que ela é verdadeira segundo a sua filosofia.
Protágoras: Você está absolutamente correto, Sócrates.



A dificuldade de amar eh erva daninha que nasce em selva de pedras. As flores nao conseguem respirar se cobertas por pedregulhos. Que sao respostas para quem nao tem perguntas? Algumas pessoas, nao sao capazes de respirar profundamente, quem dira mergulhar para ver peixes desconhecidos. Temos que explicar: eh so um mergulho, voce nao vai virar peixe –boi . Talvez voce vire, mais voce mesmo. Calma: nao vai ficar sem pisar em terra firme para sempre. Eh so um respiro pelos poros como se voce fosse todo flor, caule e raiz. O vento leva a reproducao das flores. Ai que beleza o polen! Tem um esperma levado pelos ventos que corre em direcao ao sol. E o homem nao o ve? Porque? Constato: estou gravida do vento, parindo palavras sem parar.
Que pena que na megametropole as pessoas acordem tao cinzas e nao consigam passar de larvas a borboletas. Do mesmo modo, a maior parte das relacoes que criamos, larvas que nao desabrocham em voos. Pessoas pensam que voam, mas nao saiem do lugar, ja que sem poder amar sofrem de paralisia interna. Raso eh o voo do mentiroso que so engana a si mesmo.
A verdade nao eh absoluta. E a sinceridade eh? Estou gravida de perguntas: sera que vou poder parir respostas?

Jazz


Quem gostar de jazz pode conferir o link para um video de Nina Simone no Youtube:http://www.youtube.com/watch?v=UWvq8-6_ApM

Ai que eu to pensando no amor! Com Nina Simone cantando, deixo minha alma derreter e crescer mais solida depois. Hoje, um filme na tv “Em busca de um beijo a meia noite”. Nada demais, mas gotososo de ver. Boa fotografia, boa trilha. Tudo se passa em L.A.. Um beijo, no ano novo. I love you to death! The kiss: a chance to make it happen.
Que delicia de ver . Ai o amor quando esta prestes a nascer .E que pode acontecer de tantas maneiras. Embora quase nunca aconteca. Ate quando ainda nao eh amor eh bom de ver. So o prenuncio ja ilumina. O amor eh uma cancao de jazz. E um por do sol juntos. Um bom jantar. Uma boa e intensa companhia. Que saudade do que nao acontece no meu presente! A contradicao eh que hoje a saudade nao me deixa triste e nem se restringe a um fato especifico. Estranho, nao eh?
Sem traicoes. Sem medos. Com risadas. Gosto de coisas engracadas e de pessoas que tenham estorias pra contar, mas que saibam ficar em silencio. Gosto de pessoas que sei que vou sentir saudade. Gosto de poder sentir o sabor suculento de gostar. As vezes tristeza profunda: a maior parte das relacoes sao pateticas. Ja eu: daqui: sorrio no presente: namoro a mim mesma.
Eu: sozinha: se alguem? Nao procuro. Authough, I know that someday somebody will appear and just match with me. Maybe just around the corner. We never know what can happen tomorrow and today is still being a surprise.
Tem musicas e uma saudade de NYC. O jazz do Village esta noite seria uma boa pedida. O amor tem algo que ver com o Jazz.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Parabola Zen


"Decisões

Há uma anedota Zen sobre uma mulher, que não conseguia decidir-se por qual porta deveria sair de certo aposento. Ambas as portas levavam ao mundo exterior. Após algumas horas de indecisão, ela empilhou algumas esteiras diante de uma das saídas e caiu em um sono profundo. De manhã cedo, levantou-se e examinou o mesmo problema novamente. Uma das portas estava livre, mas a outra estava bloqueada por uma pilha de esteiras. Ela suspirou finalmente: "Agora eu não tenho escolha." "

A angustia a luz do existencialismo


“Na angústia, o homem experimenta a finitude da sua existência humana. Todas as coisas supérfluas em que estava mergulhado se afastam deixando-o a nú, como uma liberdade para encontrar-se com sua própria morte (das Freisein für den Tod), um "estar preparado para" e um contínuo "estar relacionado com" sua própria morte (Sein zum Tode). Essa visão existencial do homem, em que ele se conscientiza das estruturas existenciais a que está condicionado e que o tira da superficialidade em que desenvolve seus conflitos tornou-se sedutora para a psiquiatria.A angústia funciona para revelar o ser autêntico, e a liberdade (Frei-sein) enseja o homem a escolher a si mesmo e governar a si mesmo.”
Rubem Queiroz Cobra- Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia

"Por exemplo, eu me sinto triste; mas tomar consciência de meu desgosto é colocá-lo como um objeto a distancia de mim. Pois o eu que diz 'estou triste' não é mais, de modo algum, o eu que está triste. Assim o homem está por sua consciência, sempre além de si mesmo. Eis o sentido do 'ex-istencialismo'." Sartre “A Nausea”

"Simplesmente descobrimos que existimos e temos então de decidir o que fazer de nós mesmos." Sartre



No existencialismo a experiencia interior ou subjetiva eh considerada mais importante do que a verdade “objetiva”. Outro ponto fundamental, eh que o homem se faz em sua propria existencia. Para os existencialistas, o mundo, como nos o conhecemos, eh irracional e absurdo, ou pelo menos esta alem de nossa total compreensao.
Neste texto, gostaria de me deter na caracteristica do existencialismo; que eh a falta de sentido, a liberdade consequente da indeterminacao, a ameaca permanente de sofrimento, a origem a ansiedade, a descrença em si mesmo e ao desespero.
A enfase do homem existencialista esta na liberdade dos individuos como a sua propriedade humana mais importante, da qual não pode fugir. No caminho do ser humano ha varios tipos de vida a escolher. Que escolhas fazemos? Buscamos um modo de vida que os existencialistas chamam de estetico: buscamos gozar a vida a cada vao momento? Ou um modo de vida etico ? Ou buscamos um modo religioso dentro de uma consciencia de fe?
A necessidade da escolha gera o medo de errar. Temos liberdade de optar e decidir nosso caminho. Porem, a liberdade, segundo Sartre, gera no homem a angustia que pode leva-lo ao desespero. Ha muitas escolhas a serem feitas, decisoes a serem tomadas e tememos que estejamos escolhendo o que eh errado. Cada decisao eh um risco, o que deixa uma pessoa ainda mais mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisao que se torna angustiante. Tambem podemos, por exemplo, escolher fugir dessa angustia e do desespero atraves do prazer e de buscar a inconsciencia de quem somos. Isso eh o que mais se ve na sociedade contemporanea.
No pensamento de Heidegger, a angustia resulta da falta da precariedade da base da existencia humana. A "existência" do homem eh algo temporario, que paira entre o seu nascimento e a morte que nao pode ser evitada. Sua vida esta entre o passado (em suas experiencias) e o futuro, sobre o qual ele nao tem controle, e onde seu projeto sera sempre incompleto diante da morte inevitavel.
Como uma filosofia do tempo, o existencialismo traz o homem a viver inteiramente a realidade presente, o “aqui” e “agora”. Existe uma intensa realidade humana no momento presente. O passado sao experiencias que consultamos e arquivamos dentro de nos . E o futuro sao as ilusoes e visoes que dao ao nosso presente direcao e proposito. O homem existe relacionado ao tempo: passado, presente e futuro.
Entretanto, nao podemos nos submeter a nosso passado de modo que nossas memorias ou habitos se imponham sobre o nosso presente. O passado nao pode determinar o conteudo e a qualidade do momento presente. Bem como, a ansiedade pelos eventos futuro nao devem ocupar nosso presente. De maneira alguma podemos permitir que o nosso “aqui” e “agora” seja destruido.
Acredito em Deus, o que nao acontecia com os existencialistas. Salvo alguns como Gabriel Marcel, os outros existencialistas eram ateistas. Ao meu ver, a existencia de Deus, nao elimina o nosso livre arbitrio. Existe Deus e existe a liberdade. Temos liberdade de acao e necessidade de fazer escolhas o tempo todo. Nos somos responsaveis pelas consequencias de nossas acoes. Isso gera responsabilidade. A angustia muitas vezes vem ligada a sensacao de responsabilidade e o medo de fazermos escolhas. Muitos de nos paralizamos no passado ou no futuro. Nao adianta se descupar dizendo que "esta sendo forcado pela paixao", ou alegando que determinada decisao eh um mecanismo irraigado. Somos inteiramente responsaveis por nossas escolhas. A angustia eh o momento que temos que escolher, mas nao sabemos o que fazer.

Estudando Teatro I


Rene Magritte


“The soul desires to dwell with the body because without the members of the body it can neither act nor feel”
Leonardo da Vinci, quoted by Michael Chekhov
To the actor , on the Thechnique of acting


Estou estudando o livro “ An acrobat of the heart ““A physical approach to acting inspired by the work of Jersy Grotowski”,de Stephen Wangh, professor de Teatro Experimental da NYU
Ele estudou com Grotowsky em 1967. Ainda hoje leciona na NYU.
Me interessou o estudo sobre a arte de atuar que veja o ator ,como Artaud ja o fazia, como um atleta do coracao. Um profissional dos sentimentos , diria eu.Estou pesquisando e muito me interessa a coneccao entre atuacao e psicologia. Corpo e emocao. Transformacao do ator e do publico. Sera atuar ter uma disciplina espirtitual? Como juntar a disciplina espiritual ao teatro ativista que pretende interfirir na sociedade objetivando um mundo melhor? Quero pesquisar o metodo que possibilite um ser humano melhor, individuo que atue, que respire, que se conheca, que tenha pensamento critico, que acesse suas emocoes e busque nomear suas alegrias e dores. Acredito em uma sociedade melhor atraves de individuos-cidadaos que sao esteticos e eticos. Godard diz: “A etica eh a estetica do futuro”
Bem, comeco meus estudos procurando o que ha de espiritual no trabalho do ator. Qual memoria esta embutida no corpo ou o corpo todo uma memoria? Os trabalhos de meditacao, bioenergetica, reestrutura corporal, respiracao ativa, anatomia emocional, autoconhecimento estao sendo escolpos para a pesquisa. Bem como, toda experiencia com Teatro do Oprimido que venho vivenciando. Parece mais facil ligar ideias de Stanislavsky e Grotowsky ,que as de Grotowsky e Boal. (Stanislavsky esta em todas). Penso que ha um caminho entre as meditacoes ativas e o TO. Este sera um caminho que nasce de estudos maravilhosos anteriores feitos por artistas que admiro.
Vamos a um inicio dos estudos. Comeco estudando o trabalho do ator.
Quatrocentros anos atras, Hamlet expressou sua preocupacao sobre a arte de atuar:



“ Is it not monstrous that this player here
But in a fiction, in a dream of passion
Could force his soul so to his own conceit
That from her working all his visage wanned,
Tears in his eyes, distraction in his aspect,
A broken voice, and his whole function suiting
With forms to his conceit; and all for nothing!
(2.2.507-13)



Ha muito tempo atores e audiencia tem argumentado sobre como os atores manejam a facanha da representacao. O argumento traz duas questoes . A primeira eh ; muitos atores realmente sentem o que eles representam? A segunda eh : eles chegam a sua representacao atraves do controle externo das emocoes or induzindo a experinecia interna?
Diderot em 1773 diz:
“ O ator que nao tem nada alem de razao e calculo eh frigido. O que nao tem nada so animacao e emocao eh ridiculo. O que faz um ser humano em sua suprema excelencia eh um tipo de balanco entre razao e emocao.”
Cinquenta anos atras, o professor de interpretacao Francois Delsarte concluiu que a razao que os atores franceses tinham perdido o contato com sentimentos humanos foi porqueeles comecaram a depender inteiramente da declamacao e da retorica sem coneccao com a acao fisica. “O gesto”, diz o professor, “ eh um agente direto do coracao. Em outras palavras eh o espirito de cada fala que antes era so um conjunto de letras”
Era apenas um vazio “externo” a atuacao que Stanislavsky presenciou quando jovem no palco Russo. Depois de ver os grandes atores italianos Tommaso Salvini e Eleanora Duse, Stanislavsky percebeu que esses otimos atores nao so representavam o personagm deles externamente;eles pareciam “viver” no palco. Inspirado nesses atores Stanislavsky descobre um metodo que faz sua propria atuacao “logica, coerente e real”, nao apenas ocasional, por acidente ou inspiracao; mas de modo confiante e repetidas vezes.
O problema que Stanislavskysentiu foi que “atores mecanicos” dependiam totalmente de acoes jeitos externos, “mostrando os dentes e virando o branco dos olhos quando voce esta com ciumes ou olhar para cima e colocar as maos no rosto em vez de chorar (...)” Em reacao a esse erro ele pesquisou um metodo que pudesse depender do interior , praticas psicologicas. O psicologo frances Theodule- Armand Ribot (1839-1916) “muniu Stanislavsky com a chave para abrir o inconsciente dos atores. De acordo com suas teorias, o sistema nervoso carrega vestigios das experiencias anteriores.. Ele sempre se recordam em suas mentes, mas nao estao sempre disponiveis. Um estimulo imediato- um toque, um som, um cheiro- podem desencadear a memoria” (Benedetti, 1982)
Com essa chave Stanislavsky desenvolve a memoria sensorial e a memoria afetiva. Strasberg diz: “ A memoria afetiva nao eh para sentir ou tocar alguma coisa que eh alucinacao, mas se lembrar do modo como tocou ou sentiu.”
Strasberg criou o que ele chamou de exercicio de “memoria –emocional”:
“No exercicio de memoria emocional o ator e convidado a recriar uma experiencia do passado que o afete fortemente. A experiencia deve ter sido vivida nos ultimos sete anos anteripores ao dia que se faz o exercicio. Eu peco para o ator pegar o que de mais forte ja aconteceu com ele.” Strasberg
Durante anos Strasberg e seus estudantes pesquiaram a parte fisica da memoria emocional. Acredita-se que o corpo pode oferecer um caminho direto para as emocoes. O corpo eh um meio de encontrar os sentimentos.
Kumiega em seu livro “The theatre of Grotowsky”diz : “ Nos nao possuimos memoria, nosso corpo eh inteiro memoria”
O ator que aprender a ouvir sua memoria corporal vai encontrar as acoes, intencoes e objetivos sem precisar sentar e fazer um trabalho de mesa para descobri-los.
O objetivo eh libertar o ator dos bloqueios que o impedem de ter emocoes verdadeiras e ser criativo em sua essencia.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Os anormais


Child with a Toy Hand Grenade in Central Park, N.Y.C., 1962
Gelatin silver print on Agfa
14 7/8 in. x 14 11/16 in
Addison Gallery of American Art, Andover, Massachusetts



Foucault lecionou “historia dos sistemas de pensamento” no College de France. Um de seus cursos era entitulado “Os anormais”. O curso dedicava-se a analise do exame psiquiatrico e sua relacao com o direito penal, partindo dos grandes casos de monstruosidade . Focault estaria se referindo a grande familia confusa dos “anormais” ; os delinquentes no final do seculo XIX.
Forma-se com Foucault um estudo que cria uma linha tenue entre a Medicina e o Direito. Eh questionada a sanidade mental na area criminal.
O grupo dos anormais a partir de tres elementos: o monstro humano, o individuo a corrigir e o onanista.
O monstro humano, um ser juridico-biologico;meio homem, meio besta. Por exemplo, individualidades duplas ou o hermafrodita. O monstro humano eh uma velha nocao cujo quadro de referencia eh lei. Segundo Focault, “o monstro humano combina o impossivel com o interdito”. No fundo o monstro seria um monstro cotidiano, banalizado.
O individuo a corrigir eh mais uma mistura de adestramento com exigencias proprias. Nao se relaciona de forma intrinseca com as leis da natureza. Esse comportamento de disciplina que os militares possuem eh um bom exemplo desse modo de pensar de individuo que esta sempre a se corrigir. Focault diz: os novos procedimentos de adestramento do corpo, do comportamento, das aptidoes engendram o problema daqueles que escapam dessa normatividade, que nao eh mais a soberania da lei.”
Por fim, o onanista, que seria “a crianca masturbadora”. Particularmente acho o tema tratado ainda bem levemente . Poderiamos dizer : o abuso sexual da crianca.
No curso “ Os anormais” Foucault reconstitui o modo pelo qual a psiquiatria se desalieniza, adotando o principio do” instinto” como substituto do “delirio”. Dessa forma a psiquiatria , na sociedade como um todo, eh a ciencia dos anormais e das condutas anormais.
Importante entender As questoes de Foucault para ter um panorama geral de onde estamos com a psiquiatria e “os anormais” nos dias de hoje.
A sociedade tem historia longa e pensada por muitos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sufocamento


Imagem filme "O gabinete do Dr Caligari"

Amor sufoca?
Agressividade transborda?
Tem um espírito a noite sem corpo?
Ou será que o tal corpo só está longe dos olhos meus?
Será que de tanto me amar ele sumiu?
Amo o inexistente ou o ausente?
Amo a mim mesma.
Amo o homem.
Mas, os olhos estão esbugalhados.
Sonho: tem um homem me levando pelo pescoço.
Já nao sei do presente.
E o futuro é um conjunto de linhas nas palmas das mãos.

sábado, 6 de junho de 2009

A terapeuta de oculos


Carlos Museu a Imagem do Inconsciente Rio de janeiro
Pigmentos sobre papel, 1959
54 x 37 cm

grande mãe
As qualidades associadas ao arquétipo mãe são a solicitude materna; a autoridade mágica do feminino; a sabedoria e a exaltação espiritual que transcendem a razão; todo impulso para proteger; tudo o que é benévolo, que aconchega e ampara, que favorece o crescimento e a fertilidade. No seu lado negativo, o arquétipo mãe está associado a tudo que é secreto, oculto, escuro, o abismo, o mundo dos mortos, tudo que devora, seduz, envenena, que é terrificante e inexorável (CW 9, 82)


Existe uma vida antes da terapia e outra depois. Amor profundo pela minha terapeuta. Ai que se pudessemos ser ouvidos por todos de nossa convivencia!
Profundamente transformadora a experiencia de conversar consigo mesmo atraves do espelho. Quase que os sonhos estao ficando tao claros como os dias. Esse caminho do consciente para o insconsciente e vice versa esta sendo profundamente estudado e vivenciado por mim. Sera que tem um GPS para indicar o caminho para nosso eu? To perdida. Preciso achar. Sera no google?
O essencial esta no lugar que nunca estivemos, entretanto la estamos. O big bang das minhas emocoes esta fazendo da minha alma uma bola incandescente. Sera que vou resfriar os poros e virar fogo so por dentro?
Que mao de D’us eh essa invisivel que me faz respirar inteira e profundamente? Sera a terapeuta a representacao da mao de D’us?
Calo na duvida e sonho muitas respostas interiores. Os sonhos as vezes sao mais profundos que o dia-a- dia.
Amo os ouvidos da terapeuta de oculos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tarot Mitologico


"O que pode ser irreal em termos concretos pode ser absolutamente verdadeiro no nivel interno, como uma especie de experiencia subjetiva" Juliet Sharman-Burke e Liz Greene

O taro mitologico esta presente em todos meus dias. O inconsiente coletivo, atraves de historias da mitologia, pode clarear o que estamos vivendo. As cartas representam verdades de padroes arquetipicos que estam presentes em nossas vidas. Nao importa a magia de saber o futuro , mas nomear os fatos e associar o que esta sendo experenciado as cartas. Acesso ao inconsciente sabendo-se o caminho de volta para o consciente.
Cartas trabalham no plano da psique e no plano do invisivel. A intuicao e o inconsciente se projetam nas cartas. Estas sao intrigantes.
Desejo casar e ter mais filhos. E estou emperrada em uma falta de saber o que sentir e principalmente por quem sentir. Tenho a impressao que estou sempre errada. Nao sei.
Filha minha diz, que band-aid nao faz ferida secar. So tampa buraco. Sera que coloco band-aids na minha vida emocional?
O taro brinca comigo e me da futuro de amor em imagens. E como o presente eh um nada afetivo? Como entender? Sempre ha mais cartas. A conjuncao das cartas faz a leitura. E derepente, talvez, so seja possivel amar um futuro parceiro se for tirado o abcesso que adoece o coracao. Ainda mais, so se nao tivermos expectativas irreais em relacao aos outros.
Que dificil. Uma carta tao promissora com algumas tao tristes conjugadas. Sera assim a vida? Sera que Clitemnestra justiceira ou assassina? Mata o marido na banheira e muito sangue se escorre. Sai o absesso com muita dor e essa eh a unica perspectiva de criar um futuro saudavel. Ela enfrenta a raiva de Agamenon que entregou a vida de sua filha em favor de seu proprio sucesso. Teria alguma mae que perdoaria? O que mais importante que nossos filhos?
A beleza do Tarot assim como a da vida eh o arco iris de desejos que engloba cada atitude, decisao ou fase da vida.
O Tarot brinca comigo e sempre : dez de copas em alguma posicao. Sabe-se, la onde vou. De ca percebo que o que nao se ve eh mais forte do que o que se explica. Atras das palavras estao os significados. Entao, saber o significado de cada letra, nao eh necessariamente saber ler.

Onde o mundo vai parar?


Foto de Diane Arbus
"Não se pode separar a prática da teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender". Paulo Freire
Ser educador é de uma responsabilidade igual a do médico. Ao ser cuidador temos imensa responsabilidade social.
O cenário das escolas nos mostram criancas hiperativas, mal olhadas, mal amadas. Culpa de quem? Dos pais que sofrem em suas vidas emocionais destruturadas? Pais que receberam educacao bancaria, que sofrem porque suas vidam são baseadas em ganhar dinheiro, em ter ,em produzir? Se o ser pudesse ser produtivo no sistema capitalista! Entretanto só massa de manipulação. Nada de amor. Só para apertar ferramentas ou clicar teclas para vender e comprar ações é produtivo o homem moderno.
Onde o mundo vai parar? Que vai parar sabemos. Todavia, até onde podemos nos degradar? Na tv a cabo um documentário sobre o Tibet mostra a vida subhumana dos tibetanos torturados pelos chineses. Escravos tibetanos. Mas, peraí, escravidão não é contra os direitos humanos?
E os chineses, digo o povo, o que é? Conheci alguns chineses em NY. A primeira indignação que senti foi ao saber que lá trabalha-se de domingo a domingo. Não tem folga! Logo a lapiseira mais barata é a chinesa. A panela, a maquiagem, a roupa , e , e, e, tudo Made in China! Meus colegas chineses diziam que tinham que ir bem na escola para poder sustentar os pais. E se for mal: suicídio. Infelizmente o suicídio acontece em grandes proporções Onde estão os valores da humanidade?
Será que a superexploração do trabalho humano e a desumanização da prática da tortura dão sucesso? Tem um monte de gente querendo aprender chinês. Dizem que é a língua do futuro. Bahhh! Que o capitalismo e o comunismo vestido de torturadores autoritários se explodam. Se eu pudesse iria lá proteger todos os tibetanos. Se eu pudesse ser imortal seria Robin Woody. Versão feminina, é claro. Continuo pesquisando educação e arte que possam liberar e transformar o cidadão. Sei do tamanho dessa missão e o quanto é curta uma vida para ver transformações sociais reais. As pessoais já me interessam.
Sinto cansaço. Em busca de alento vou para o jornal.Continuo tentando entender a realidade, me informar de noticias e fatos. Todavia, o jornal quer me tapar ainda mais a visão. Onde vamos parar companheiros?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Trapos e sapos


Quero separar os trapos e os sapos
Separar a cama, a mesa e o banho
Dividir tudo que sonhei junto
Agora: solidao
Envolta em cobertor barato
Na beira da calcada esticada estou sem pes, nem corpo
Nem sequer um cachorro
Ai,se beijos de paixao!
Beijos que nunca seriam inverno
Sem ataques de violencia
Sem ausencias ou mentiras de lingua
Antes pudesse ser pra sempre
Mas, depois da curva tinha uma armadilha
Que pegou meu amor
Sera que ele ja esteve aqui algum dia?
Ou sempre mera sombra da imaginacao?
Fim as fantasias covardes!
So a fanatasia de verdade deve reinar
Nesta estrada de altos pinhais e flores primaveris:
Meu amor se foi e nunca esteve aqui
O nunca perdura no sempre
Ate que eu acorde para o eterno agora
Ficarei nesta imensidao
Inteiramente so
Ai, se nao fosse essa dor de abandono
Despontando antes da curva
Quero separar trapos e sapos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Individuação


"A totalidade inata, mas escondida da psique, não é a mesma coisa que uma totalidade plenamente realizada e vivida. Podemos exemplificar assim esta afirmativa: a semente de um pinheiro contém, em forma latente, a futura árvore; mas cada semente cai em determinado tempo, em determinado lugar, no qual intervem um determinado número de fatores, como a qualidade do solo, a inclinação do terreno, a sua exposição ao sol e ao vento, etc. A totalidade latente do pinheiro reage a estas circunstancias evitando as pedras, inclinando-se em direcao ao sol,modelando, em fim, o crescimento da árvore. É assim que o pinheiro começa lentamente a existir estabelecendo a sua totalidade e emergindo para o âmbito da realidade. Sem a árvore viva o pinheiro é apenas uma possibilidade ou uma abstração. E a realização desta unicidade no indivíduo eh o objetivo do processo de individuação" Carl Jung
O amor está no repeito, no ouvir, em doar-se sem medo de perder-se. Ah o amor! Que difícil, desde a primeira respiração. Já começa com a separação. O feto se acostuma ao ventre materno. Um jeito de comer, de respirar. Derepente a expulsão: primeiro choro. A vida de separações começa logo na primeira infância.
Na cultura ocidental, quando crianças, precisamos do referencial de um só pai e uma só mãe. Muitas vezes, se não temos um referencial, procuramos "todos" para suprir a falta de um. Por exemplo: se não tem um pai a garota procurará muitos homens para suprir a falta do papel masculino em sua vida. . E assim por diante: nós seres humanos suprimos a falta com o que não é a ausência. Sempre haverá ausência em uma vida de faltas.
Amor: Será? Queremos as melhores mercadorias do Mercado Amoroso para expor na vitrine da vida. Mostrar o quê, para quem?
E essa dor no peito? Será essa maldita dor, que não sabemos nomear, que chamamos de a gota d’agua? Vemos alguém que amamos doente, perdemos um grande amor, um ente querido morreu, entretanto no mesmo dia o carro na frente do seu breca bruscamente. Então, a gota d’agua: xingamos como se aquela brecada fosse toda a dor que não sabemos nomear. Tudo vira uma pequena banalidade. Fragmentamos no “todos” , simplismente porque precisamos tapar nossos buracos com o outro. Procuramos o que está fora o tempo todo. Quando olhamos para todos os lugares não vemos nada. Se olho para todos os lados não sinto dor já que não me vejo. Pensamentos inconscientes coletivos: "Se não amo de verdade, não sofrerei verdadeiramente. Afinal: sofrer é feio. Melhor ir para a balada todos os dias, ter muitos namorados, estar super pra fora, na moda." Assim se é "feliz" em nossa sociedade. Quanto mais perdidos melhor para um sistema que despreza o ser humano em sua essência. Pessoas com vários "amores" por exemplo, cada um dos amantes completará uma falta, de uma maneira diferente. Cada qual para um buraco d’ alma. Muitos relacionamentos que não valem por um. Será isso que ocorre com ninfomaníacos que não conseguem gozar? Os variadados doentes sexuais estão com buracos dentro de si? O pior é que o buraco dos doentes emocionais adoecem os outros da sua convivência. Já é uma epidemia a superficialidade e a fragmentacao do ser.
Tenho eu, como todos, buracos internos. Atualmente sabe o que faço? Me convido para um café, depois me levo pra cama em todas as posições : escrevendo, lendo, desenhando… Adoro me dar prazer! Acredito que buracos sempre haverão. Não há como desconsiderar o fato de que estamos sempre em um processo de evolução dentro de um mundo caótico. Entretanto, quem tapa minha falta sou eu.
Amadurecer é parecido com ser um só ser humano, único e inteiro. Crescer em um caminho reto onde um só D’us, um só homem, uma só mãe, um só eu. A partir de um inteiro chega-se ao infinito.
Que coragem que é preciso ter para andar na direção correta. Até mesmo porque: qual é a direção certa? A verdade essencial é o que interessa.
Em passos de formiga vou me amando na cama do centro da terra. Quase achando o centro de mim no meio de todos. Quase em um cair sem fim. Dói: como dói! Sei que algo bem fundo está sendo trasnformado. Orgãos e víceras fora do corpo. Reorganização: corpo e mente. Momento de ficar quieto. Não impassivel, mas parado. Movimentaçào interna grandiosa exige concentração. Parece necessário dar nome aos grandes eventos para que não se percam no vazio da fuga de ser inteiramente quem ja se é em essência. Consideração final: montando um quebra-cabeça: um inteiro vale muito mais que muitos meios.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Separação a luz de Munch


Despedidas nem sempre sinceras podem ser para sempre. Aquele adeus desviado, de mãos escorregadias e sem força deram um ponto final a possibilidade de um dia juntos. Esvai-se como espírito que sai do âmago. Vai embora e eu só mãos. Eu só pedaços de mim paralisada embaixo de uma árvore. Pergunto: porque? Dedos que afagavam carne e pêlos se espalmam ao relento pelo horizonte. Um dia tem que ter fim essa sombra de alguém que some dentro de mim. Se só angústia o eterno deve acabar.
Olhos enxarcados de sal molham os poros e dão gripe no coração. Um aperto bem fundo. Um sair de casa deixando um epírito no quarto. Morrer sem um adeus é o pior. E se ventas grandes pudessem arrastar as mágoas para outro continente? Dói e arde tanto o sal com água. Chega a parecer chuva de facas passeando pelas rugas do corpo. Se fosse água com chocolate! Que a doçura passou longe.
Só chuva cai nos pensamentos, mas tem algum sangue coagulado na tomada de decisão. Chegou o momento de agir depois de tanto ensaiar a ação. O erro do outro pode também ser nosso aprendizado. Mãos espalmadas como quem quer acariciar se despedem sem tocar nada além da tela do computador. Melhor assim. Algo brilhante vai esquentar o futuro depois desse presente em nevasca. Depois do inverno, outono, primavera e verão. Já estou outono com folhas espalhada pelo chão. Ai que se eu pudesse ver as flores nascendo antes de terminar o vento gelado. Todavia, tudo tem seu ciclo. Nada é antes da hora.
Decido que vou me benzer em mulher de branco. Vou pedir pra benzer todo meu passado com água benta.
De sal é meu banho e de lágrimas meus olhos. Sempre algo para aprender todo dia. Dia após dias de espera. Este é o dia de ir embora. Vou conversar com D’us essa noite. Sei que depois da dor devastadora deve haver algum alívio.
De prata um espírito se esvai. Sinto o colorido nostálgico do anoitecer como sinto Munch expressando em cores suas dores.

Em cama de neve


Esta noite bateu na porta o medo de sonhar sozinha
Recuo com desejo do som de alguem
O vazio espera alguma prosa
Esta noite uma sinceridade juvenil na ausencia de ar
A boca poetica inspira o beijo d’alma
O toque dos labios nao aconteceu
So resta a intuicao longinqua de muito tempo e pra sempre
Esta noite existe frio nos pes
Pensamento:
Para ser so eh preciso estar junto
E necessario estar junto para ser so
Labios e saliva escorrem pelo travesseiro:
Medo de adormecer de maos geladas e vazias