domingo, 22 de fevereiro de 2009

Maria Eugênia e o Gato Preto


Maria Eugênia achou um gato na rua. Preto, bem peludo e de olhos dourados. "Que lindo!", a menina pensou. Logo, isso significava: "Ele é meu!"
A menina pensava e pensava como podia um gato tão lindo ser abandonado nas ruas daquela forma. Ela levou o bichano para sua casa. Penteou, deu remédio, cuidou das feridas. Mas... trancou as portas e as janelas. Afinal, o bichano era tao lindo que alguém poderia pegá-lo. Que medo de perder seu gato! Pobre menina, não sabia que o gato não era seu.
Claro, sempre tem o dia que andamos distraídos, e em um desses dias Maria Eugênia deixou uma fresta da janela aberta. Adivinhem? Quando voltou da escola o gato não estava.
Que desepero o de Maria Eugênia! Ela andou todo o bairro. Se culpou um pouco. Achou que ele voltaria a noite. Mas, o gato não voltou. No outro dia a menina estava doente e não podia sair da cama. Qual a doença? Ausência de “seu “ gato. Triste a menina ficou . Pensou: meu gato morreu.
Fez o luto e o velório do bichano, mesmo sem o corpo. Depois do enterro, surpresa: o gato estava na porta da cozinha. Sorrateiro, gingando mansamente e vindo para o meio das pernas de Eugênia.
A menina sorriu. Deleitou-se com a presença do gato. Um verdadeiro milagre. Ah ! Mas?! O quê? Um minuto. Esperem. Perigo. Perigo. E as luzes começam a piscar no cérebro da menina medrosa. O “meu” gato pode fugir denovo, pensou alto. Terror. Pânico. Ação. Fechar todas as janelas e portas. Vinha o caso de ser verão naquele dia e os vidros transpiravam . O gato chorava um miado infinito. Maria Eugênia se recusava a escutar, até que se sentiu sufocada, sem ar. Precisava abrir as janelas e as portas da casa. E o gato miava um som dolorido de prisioneiro. Ela tambem chorou um pouco, mas não havia alternativa, ou abria alguma veneziana ou morria. Então, o gato sumiu como um raio disparando sua corrida para bem longe de Maria Eugênia. A menina chorou forte. Entretanto, pensou: "Não gosto de janelas e portas fechadas. E como viver sem respirar? Que culpa tenho eu de abrir as janelas e ele sumir? Que fique quem tiver que ficar. "
Com o vento lambendo seu rosto dormiu nostálgica. Quando acordou, quem estava lá? Ninguém mais, ninguém menos que o gato preto. Ali, deitado ao seu lado, silencioso descansando seus olhos dourados. A partir desse dia Maria Eugênia nunca mais trancou as portas e janelas. E o gato, todos os dias, dorme próximo aos seus pés.

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