quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dias e Círculos



Van Gogh
Tem dias que o desejo é voltar a posição fetal. Tento repousar no útero da cama que sangra lençois vermelhos ao me ver renascer. Engolindo formas geométricas expiro besouros. Muito barulho por dentro. Por fora fico imóvel. Hoje, quase sem movimento o mundo exterior. E se eu nao puder sair nunca mais do útero? Sera o útero a barriga da baleia? Em 3 dias aos 33 poderei viver novamente? O ar é rarefeito. Raramente respiro. Morro, assim aos poucos, economizando respiração. Que tristeza é essa nos ombros e esse quadril inundado de paranóia? Sento e constato que só consigo fazer cooper sentada. A solidao assusta e alimenta. Por favor! Me deixem ser engolida por uma baleia!!!!! Luto , luto e nada de ver os cardumes felizes. Ainda, se ao menos eu pudesse respirar e dormir normalmente. Artaud , Van Gogh. Quem sao vocês? Adormeci imaginando o dia que vocês se conheceram. Deve ter tido um estranhamento. Deve ter tido algo que não foi dito. A sociedade suicida alguns homens. Não é o homem que enlouquece, mas a sociedade que adoece sem parar. Não saio. Isolamento. Sem palavras para o mundo. Para que os bares? E os desperdícios? Para que essa falta de vida que move os carros e os homens modernos? Quanta poluição. Ainda se houvesse alguma esperança. Alegria. Entendimento. Entretanto, caduco na olimpíada dos sentidos; correndo em ondas cerebrais que morrem antes de chegarem ao encontro de qualquer outro nêutron, elétron ou energia quântica. A sociedade come toda a química, toda a tabela periódica e ainda infertiliza o solo. Nada de encontros. Meu corpo já passou a ser o meu único lar . Sem desejo de outro. Sem desejo de nada. Tem dias que são assim. Não da para sair de casa. Isso é uma constante antiga na minha vida, como a lei da gravidade para os físicos, o renascimento para os católicos, messias para os judeus. Tenho certeza de que quando não sei o que fazer melhor é que nada seja feito. Imóvel olho o turbilhão interno se manifestar.
29/01/09

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