terça-feira, 30 de junho de 2009

Periodo Azul


Picasso " Nu sentado"
Suspiro azul e peco para a dor passar. Ugh! Ela, ele, eu , eles todos na sala. Que calor. O convívio soturno assusta alguns. Longe de qualquer contato tatil, ouço murmúrios. São vozes que não dizem nada. Posso ouvi-los. Cantam, bebem e se divertem. Mas e o vazio que procuro? Onde esta? Sinto frio nos pés e continuo suando entre as pernas. Onde esta o meu vazio, porra?
Bebo um trago para esquentar. Espero algum som azul de bocas vermelhas. Porém, nada alem de vomito compulsivo, ate o presente momento. Estou de vestido colorido, coloquei uma mascara antes de sair. Construi uma personagem criada de uma parte de mim. Eu que sou cristal de muitos lados escolhi um lado para essa noite. Um sapato, um vestido, uma cor de batom. Assim eh mais fácil. Eh necessário um figurino que me proteja no meio dessa gente. Tudo blue. Essa noite esta quase um dia vermelho escurecendo o pigmento do meu olhar que não quer clarear aos sons dos tamborins. Essa noite não. Silencio.
Pesa as têmporas e a retina de alguém, dentro dessa sala transiberiana, foi tirada do lugar. Quem foi que aplicou o soco final? Quem saberá? No escuro das moitas acontece coisas invisíveis. Essa moita eh o sofá. Estou no sofá, transbordando de sentimento. Posso desmaiar a qualquer momento. De repente os ossos do pescoço estalam e me acordam do pesadelo de sonhar no meio da multidão. Ah! Ainda estou aqui: só espírito, músculos, pele e retinas. Os pensamentos diluídos no corpo energético criam acao interior. Sou toda interior. Será o mundo exterior uma ilusão? Tudo acontece enquanto eu não me movo. Ali o mundo, o tudo e eu parada no sofá azul.
Sempre há uma musica. Depois do silencio veio o tamborim, as vozes e o por ultimo o saxofone. Quando o saxofone começou a chorar um jazz suei pelos olhos de alegria. Não havia nada alem do som. Será que encontrei o vazio? Meu vazio?
Bela madrugada. A noite no sofá azul tem um brilho de estrelas para os que repousam no momento presente. Sigo , suspiro, canto e danço sem me mover: tudo azul e eu parada por fora em tempestade interna.

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