quarta-feira, 10 de junho de 2009

Estudando Teatro I


Rene Magritte


“The soul desires to dwell with the body because without the members of the body it can neither act nor feel”
Leonardo da Vinci, quoted by Michael Chekhov
To the actor , on the Thechnique of acting


Estou estudando o livro “ An acrobat of the heart ““A physical approach to acting inspired by the work of Jersy Grotowski”,de Stephen Wangh, professor de Teatro Experimental da NYU
Ele estudou com Grotowsky em 1967. Ainda hoje leciona na NYU.
Me interessou o estudo sobre a arte de atuar que veja o ator ,como Artaud ja o fazia, como um atleta do coracao. Um profissional dos sentimentos , diria eu.Estou pesquisando e muito me interessa a coneccao entre atuacao e psicologia. Corpo e emocao. Transformacao do ator e do publico. Sera atuar ter uma disciplina espirtitual? Como juntar a disciplina espiritual ao teatro ativista que pretende interfirir na sociedade objetivando um mundo melhor? Quero pesquisar o metodo que possibilite um ser humano melhor, individuo que atue, que respire, que se conheca, que tenha pensamento critico, que acesse suas emocoes e busque nomear suas alegrias e dores. Acredito em uma sociedade melhor atraves de individuos-cidadaos que sao esteticos e eticos. Godard diz: “A etica eh a estetica do futuro”
Bem, comeco meus estudos procurando o que ha de espiritual no trabalho do ator. Qual memoria esta embutida no corpo ou o corpo todo uma memoria? Os trabalhos de meditacao, bioenergetica, reestrutura corporal, respiracao ativa, anatomia emocional, autoconhecimento estao sendo escolpos para a pesquisa. Bem como, toda experiencia com Teatro do Oprimido que venho vivenciando. Parece mais facil ligar ideias de Stanislavsky e Grotowsky ,que as de Grotowsky e Boal. (Stanislavsky esta em todas). Penso que ha um caminho entre as meditacoes ativas e o TO. Este sera um caminho que nasce de estudos maravilhosos anteriores feitos por artistas que admiro.
Vamos a um inicio dos estudos. Comeco estudando o trabalho do ator.
Quatrocentros anos atras, Hamlet expressou sua preocupacao sobre a arte de atuar:



“ Is it not monstrous that this player here
But in a fiction, in a dream of passion
Could force his soul so to his own conceit
That from her working all his visage wanned,
Tears in his eyes, distraction in his aspect,
A broken voice, and his whole function suiting
With forms to his conceit; and all for nothing!
(2.2.507-13)



Ha muito tempo atores e audiencia tem argumentado sobre como os atores manejam a facanha da representacao. O argumento traz duas questoes . A primeira eh ; muitos atores realmente sentem o que eles representam? A segunda eh : eles chegam a sua representacao atraves do controle externo das emocoes or induzindo a experinecia interna?
Diderot em 1773 diz:
“ O ator que nao tem nada alem de razao e calculo eh frigido. O que nao tem nada so animacao e emocao eh ridiculo. O que faz um ser humano em sua suprema excelencia eh um tipo de balanco entre razao e emocao.”
Cinquenta anos atras, o professor de interpretacao Francois Delsarte concluiu que a razao que os atores franceses tinham perdido o contato com sentimentos humanos foi porqueeles comecaram a depender inteiramente da declamacao e da retorica sem coneccao com a acao fisica. “O gesto”, diz o professor, “ eh um agente direto do coracao. Em outras palavras eh o espirito de cada fala que antes era so um conjunto de letras”
Era apenas um vazio “externo” a atuacao que Stanislavsky presenciou quando jovem no palco Russo. Depois de ver os grandes atores italianos Tommaso Salvini e Eleanora Duse, Stanislavsky percebeu que esses otimos atores nao so representavam o personagm deles externamente;eles pareciam “viver” no palco. Inspirado nesses atores Stanislavsky descobre um metodo que faz sua propria atuacao “logica, coerente e real”, nao apenas ocasional, por acidente ou inspiracao; mas de modo confiante e repetidas vezes.
O problema que Stanislavskysentiu foi que “atores mecanicos” dependiam totalmente de acoes jeitos externos, “mostrando os dentes e virando o branco dos olhos quando voce esta com ciumes ou olhar para cima e colocar as maos no rosto em vez de chorar (...)” Em reacao a esse erro ele pesquisou um metodo que pudesse depender do interior , praticas psicologicas. O psicologo frances Theodule- Armand Ribot (1839-1916) “muniu Stanislavsky com a chave para abrir o inconsciente dos atores. De acordo com suas teorias, o sistema nervoso carrega vestigios das experiencias anteriores.. Ele sempre se recordam em suas mentes, mas nao estao sempre disponiveis. Um estimulo imediato- um toque, um som, um cheiro- podem desencadear a memoria” (Benedetti, 1982)
Com essa chave Stanislavsky desenvolve a memoria sensorial e a memoria afetiva. Strasberg diz: “ A memoria afetiva nao eh para sentir ou tocar alguma coisa que eh alucinacao, mas se lembrar do modo como tocou ou sentiu.”
Strasberg criou o que ele chamou de exercicio de “memoria –emocional”:
“No exercicio de memoria emocional o ator e convidado a recriar uma experiencia do passado que o afete fortemente. A experiencia deve ter sido vivida nos ultimos sete anos anteripores ao dia que se faz o exercicio. Eu peco para o ator pegar o que de mais forte ja aconteceu com ele.” Strasberg
Durante anos Strasberg e seus estudantes pesquiaram a parte fisica da memoria emocional. Acredita-se que o corpo pode oferecer um caminho direto para as emocoes. O corpo eh um meio de encontrar os sentimentos.
Kumiega em seu livro “The theatre of Grotowsky”diz : “ Nos nao possuimos memoria, nosso corpo eh inteiro memoria”
O ator que aprender a ouvir sua memoria corporal vai encontrar as acoes, intencoes e objetivos sem precisar sentar e fazer um trabalho de mesa para descobri-los.
O objetivo eh libertar o ator dos bloqueios que o impedem de ter emocoes verdadeiras e ser criativo em sua essencia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário