terça-feira, 2 de junho de 2009

Individuação


"A totalidade inata, mas escondida da psique, não é a mesma coisa que uma totalidade plenamente realizada e vivida. Podemos exemplificar assim esta afirmativa: a semente de um pinheiro contém, em forma latente, a futura árvore; mas cada semente cai em determinado tempo, em determinado lugar, no qual intervem um determinado número de fatores, como a qualidade do solo, a inclinação do terreno, a sua exposição ao sol e ao vento, etc. A totalidade latente do pinheiro reage a estas circunstancias evitando as pedras, inclinando-se em direcao ao sol,modelando, em fim, o crescimento da árvore. É assim que o pinheiro começa lentamente a existir estabelecendo a sua totalidade e emergindo para o âmbito da realidade. Sem a árvore viva o pinheiro é apenas uma possibilidade ou uma abstração. E a realização desta unicidade no indivíduo eh o objetivo do processo de individuação" Carl Jung
O amor está no repeito, no ouvir, em doar-se sem medo de perder-se. Ah o amor! Que difícil, desde a primeira respiração. Já começa com a separação. O feto se acostuma ao ventre materno. Um jeito de comer, de respirar. Derepente a expulsão: primeiro choro. A vida de separações começa logo na primeira infância.
Na cultura ocidental, quando crianças, precisamos do referencial de um só pai e uma só mãe. Muitas vezes, se não temos um referencial, procuramos "todos" para suprir a falta de um. Por exemplo: se não tem um pai a garota procurará muitos homens para suprir a falta do papel masculino em sua vida. . E assim por diante: nós seres humanos suprimos a falta com o que não é a ausência. Sempre haverá ausência em uma vida de faltas.
Amor: Será? Queremos as melhores mercadorias do Mercado Amoroso para expor na vitrine da vida. Mostrar o quê, para quem?
E essa dor no peito? Será essa maldita dor, que não sabemos nomear, que chamamos de a gota d’agua? Vemos alguém que amamos doente, perdemos um grande amor, um ente querido morreu, entretanto no mesmo dia o carro na frente do seu breca bruscamente. Então, a gota d’agua: xingamos como se aquela brecada fosse toda a dor que não sabemos nomear. Tudo vira uma pequena banalidade. Fragmentamos no “todos” , simplismente porque precisamos tapar nossos buracos com o outro. Procuramos o que está fora o tempo todo. Quando olhamos para todos os lugares não vemos nada. Se olho para todos os lados não sinto dor já que não me vejo. Pensamentos inconscientes coletivos: "Se não amo de verdade, não sofrerei verdadeiramente. Afinal: sofrer é feio. Melhor ir para a balada todos os dias, ter muitos namorados, estar super pra fora, na moda." Assim se é "feliz" em nossa sociedade. Quanto mais perdidos melhor para um sistema que despreza o ser humano em sua essência. Pessoas com vários "amores" por exemplo, cada um dos amantes completará uma falta, de uma maneira diferente. Cada qual para um buraco d’ alma. Muitos relacionamentos que não valem por um. Será isso que ocorre com ninfomaníacos que não conseguem gozar? Os variadados doentes sexuais estão com buracos dentro de si? O pior é que o buraco dos doentes emocionais adoecem os outros da sua convivência. Já é uma epidemia a superficialidade e a fragmentacao do ser.
Tenho eu, como todos, buracos internos. Atualmente sabe o que faço? Me convido para um café, depois me levo pra cama em todas as posições : escrevendo, lendo, desenhando… Adoro me dar prazer! Acredito que buracos sempre haverão. Não há como desconsiderar o fato de que estamos sempre em um processo de evolução dentro de um mundo caótico. Entretanto, quem tapa minha falta sou eu.
Amadurecer é parecido com ser um só ser humano, único e inteiro. Crescer em um caminho reto onde um só D’us, um só homem, uma só mãe, um só eu. A partir de um inteiro chega-se ao infinito.
Que coragem que é preciso ter para andar na direção correta. Até mesmo porque: qual é a direção certa? A verdade essencial é o que interessa.
Em passos de formiga vou me amando na cama do centro da terra. Quase achando o centro de mim no meio de todos. Quase em um cair sem fim. Dói: como dói! Sei que algo bem fundo está sendo trasnformado. Orgãos e víceras fora do corpo. Reorganização: corpo e mente. Momento de ficar quieto. Não impassivel, mas parado. Movimentaçào interna grandiosa exige concentração. Parece necessário dar nome aos grandes eventos para que não se percam no vazio da fuga de ser inteiramente quem ja se é em essência. Consideração final: montando um quebra-cabeça: um inteiro vale muito mais que muitos meios.

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