sábado, 20 de junho de 2009

Amor: concentração, disciplina, fé e paciência.


Monet's Garden at Argenteuil. 1873
"Toma as minhas mãos ainda quentes, galopa no meu dorso, tu que me lês, galopa, não é sempre que vais ver alguém que é um feito de três, assim a tua frente(...)há em mim toda uma avalanche de verdade, há todo um vir a ser inusitado, água, lama, rocha perene em mim, e eu sou tão pequenininho, e tão verdadeiro que os pássaros vem aprender o seu canto em mim." Hilda Hist Fluxo-Floema
Penso ser o amor um fenômeno social. Como tal gosto de estudá-lo. Sentí-lo. Amar é a necessidade básica, mais profunda do ser humano. Erich Fromm diz que o amor é uma arte. O que imprensindível para o aprendizado e prática de uma arte? Segundo Fromm, o necessário é a concentração, a disciplina, a fé e a paciência. Em todas as artes, inclusive na arte de amar.
A concentração é algo difícil de se atingir na sociedade hiperartiva em que vivemos. A falta de concentração evidencia-se ao identificarmos que não conseguimos ficar sozinhos com nós mesmos. Amor = concentração, disciplina, fé e paciência.
É necessário esvaziar a mente. Deixar que as atividades externas e internas fluam; que os pensamentos repousem e fiquem presentes no aqui-agora. O homem deveria concentrar-se em cada atividade que realiza. Entretanto, ao contrário, é buscada a fuga do presente, refugiando-se no passado que não se repete; ou no futuro que pode nunca vir a existir.
Ás vezes, a fuga esta na atividade, como por exemplo no ato de fumar; atividade que ocupa a mão, a boca, os olhos, o nariz . Fundamental a prática da concentração no dia-a-dia: qualquer atividade realizada sem concentração nos deixa sonolentos e ao mesmo tempo no fim do dia não conseguimos dormir.
A capacidade de ficar sozinho é a condicao para a arte de amar. Quando encontramos o outro e nos concentramos, amamos? Concentrar-se em relação ao outro significa ter capacidade de ouvir. Concentrar-se em relação ao outro e a si mesmo significa estar plenamente presente e não pensar no que se tem que fazer em seguida ao mesmo tempo que se esta fazendo algo.
Disciplina é um outro ponto importante já que qualquer arte requer disciplina. Porém, o homem moderno acredita que ao ficar oito horas por dia no escritório está concentrado. Trabalha e trabalha e depois não consegue fazer nada com o tempo livre. De fato, não consegue ser produtivo. A autodisciplina não parece estar incluída nos modelos militares de disciplina que nos influenciam. A dominação do outro superior esmaga nossa possibilidade de nos autodisciplinar. O que ocorre é que vivemos em uma sociedade com homens caóticos e desconexos, homens que desconhecem seu próprio eu. O ideal é que a disciplina seja algo que vem de dentro para fora. Disciplina de meditar, de ler, ouvir música, não comer ou beber demais... Quando nos habituamos a disciplina, se não a praticamos, sentimos falta dela.
A paciência é necessária pra realizar o que quer que seja. Na sociedade em que vivemos aprendemos que devemos ser "rápidos". O quanto mais depressa fizermos nossos afazeres melhor. Rapidez é eficiência. Será? E a paciência? O homem moderno sempre quer fazer tudo correndo, porque acha que esta perdendo tempo. Entretanto, quando tem tempo não sabe o que fazer com ele , alem de “matá-lo”.
Vale lembrar que a prática da arte de amar depende de nossa capacidade de ter fé. Ter fé em uma pessoa, por exemplo, significa ter certeza da confiabilidade e da firmeza de suas atitudes fundamentais, de sua personalidade e do seu amor. Somente quem tem fé em si pode ser fiel aos outros. A fé, em si, nos da confiança para sabermos que amanhã seremos em essência , o mesmo que somos hoje, portanto poderemos agir como nos propomos . Óbvio que o mundo e as pessoas estão sujeitos a mudanças, porém o que importa é o que somos em essência e a fé em nosso próprio amor. Para praticar a fé é necessário ter coragem. Como diz Fromm: “ Amar significa comprometer-se sem garantia, entregar-se completamente na esperança que nosso amor produzirá amor na pessoa amada. Amar é um ato de fé, e quem tem pouca fé também tem pouco amor”
Com disciplina, concentração, fé e paciência sigo meu caminho de formiga. Custo a ver o tamanho dos meus passos, mas sigo na direção da arte de amar.

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