domingo, 19 de julho de 2009

Do pessoal ao coletivo


El Guernica Pablo Picasso

O que torna coletivo um fato pessoal?
Quando a estória passa a ser de quem ouve e não só de quem conta?
Há estórias pessoais que muitos já passaram por ela, cada um na sua particularidade. O primeiro dia de aula na vida de uma criança, por exemplo.
São tantas as estórias que se repetem: violência sexual, amor, abandono, angústia existencial. Cada indivíduo é particular com sua estória , entretanto a beleza esta em vê-la refletida em um coletivo. Queremos ver nossa essência projetada no que vemos. Ao menos, queremos nos ver de algum modo na obra de arte. Claro, que pode e deve não ser óbvio. Passear no jardim de Rodin me trouxe a essência única do artista e de como ele via o mundo em um beijo esculpido, em um inferno ou um pensador no meio da grama.
Como transformar em belo o que vem de dentro, o dia-a-dia, o feio? Qual é a metamorfose da inquietação? Como ver a beleza do quadro "Três de maio de 1808" de Goya ou da "Guernica" pintada por Picasso?
O que o feio tem de belo? Que beleza viver intensamente a sequência de fatos que nunca são ao acaso. Deixar a obra de arte falar: ouvi-la.
Quando os fatos diários passam desapercebidos podemos notar que agimos como se falássemos sem ouvir. Um usuário da saúde mental me disse um dia: “ eu não entendo, eu falo e ouço o que você fala, mas eu não entendo.”
Quando não conseguimos nos comunicar com o que ouvimos, vemos, tocamos nos alienamos. Queremos e necessitamos de comunicação ainda que dentro de nossa solidão.
O ser humano é um ser social. Ainda que estejamos fragmentados pela arrogância, pelo desrespeito, pela falta de amor não será possível ser forever alone. Aprendemos na relação com o outro e o mundo. Tudo está em relação á: somos resultantes das equações de símbolos diversos que dialogam entre si.

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