Pintura de Portinari
"Os retirantes""
Carlos Penna Filho: eis um poeta nordestino que admiro. Um desatre de automóvel o mata em 27 de junho de 1960 aos 31 anos de idade. Jorge Amado lamentou. Paulo Fernando Craveiro um dos amigos de Carlos falou sobre o companheiro: "ele dividia seu tempo em duas partes: escrever poesias e fazer amigos. Duas artes" . Nascido no Recife o poeta pouco conhecido nos dias atuais foi um inovador na poesia brasileira: da temática, e sobretudo a linguagem, carregada de oralidade, essencialmente musical e de forte apelo visual. Ele nos dá a sensação que pinta com palavras. Alguns anos atrás ganhei um livro de um amigo Poeta , li e gostei. Agora reli e adorei. Bons os amigos que nos apresentão amigos imortais feitos de letras vivas.
Vejam esse poema:
A SOLIDÃO E SUA PORTA
Quanto mais nada resistir que valha
e a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),
quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Penna Filho.
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