segunda-feira, 5 de abril de 2010

Blue Night


Starry Night- Van Gogh 1889

Choro uma só lagrima azul, toda blue. A madrugada fica de olhos despertos. Criam-se buracos no tempo, na alma que se esvaiem em versos. Fica na memória algumas rimas. Fica na estória algumas brigas. Alguma angústia se perpetua estupefante brotando como manjericão nas ventas. Um cheiro alado invade territórios desconhecidos. Cheiro de mato, cheiro de mim. Ei, perdi! Perdi, mas o que foi mesmo que achei nessa busca pelo leite derramado?

Tem uma dor me lambendo os peitos. É essa maldição que dorme de olhos abertos dentro de mim! É preciso ir além dos parques do inconsciente. É extremamente necessário ir além. Entretanto, meus pés estão estagnados no mísero quarto. Vai ser dificil sair desse útero de lençois. Será possível uma explosão interna sem que eu saia do lugar? Terremoto interior? Coisas saiem do lugar dentro de mim. Assisto esse show, e participo. Levanto da cadeira de minhas veias para participar da corrida de sangue. As bolas do vestido vão explodir em serpentinas. Será a nudez mais colorida que já existiu.
Que dor é essa advinda de irraizadas emoções? Quando sabemos de onde vem a dor tudo fica mais simples de se entender. Nomear. Tenho fome de saber nomenclaruras. Todavia, ás escuras, continuo sem memória. Não sei os nomes das ruas, das pessoas... Não sei o nome dessa dor que explode por dentro.
Seria amanhã um dia de trabalho. Seria, se não chovesse vermelho no quarto essa madrugada. Queria estar ocupada de ser feliz. Mas, esse "ser feliz" vem misturado a uma obrigação disfarçada de muitas nuances. Até parece que nunca foi cor primária. Unha laranja. Cabelo negro. Pele branca. Tudo tem uma cor por fora.
Fisga um músculo d' alma. Ai! Acho que deu mal jeito. Pode ser só um problema de postura. Pode ser falta de se exercitar. Minha alma está entrevada essa madrugada. However I m still alive. Ufa. Letras tem o poder de alongar o espírito. Misturo letras aos sonhos que enchem de vida e exaurem. Tanta energia e tanta estória que os fios nos fazem tecer um manto de rosários. Manto do Rosário. Girassol de Vana Gogh. Duas meninas vestidas de azul de Munch. Tudo vira imagem. Cor.
Chorei azul. Chorei só de impulso interno. Só de bebedeira d'alma. A chuva cai em compassos pingados no jardim, no cimento. Por fora tem sangue, e por dentro que será?
Pesam as têmporas. Caiem pensamentos em pedaços alfabetizados. Já não posso. O peso. Peso. A cabeça vai cair. Despencar. Que sorte ter um travesseiro! Em vigília digo: adeus. Au revoir. Goodbye. Adios...A mente desvanece.

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