domingo, 27 de setembro de 2009

Devaneios II



La magie Noire -1935 Magritte

“Aquilo não era nem uma cidade, nem uma igreja, nem um rio, nem cor, nem luz, nem sombra; era devaneio. Fiquei imóvel por muito tempo, deixando-me penetrar suavemente por esse conjunto inexprimível, pela serenidade do céu, pela melancolia da hora. Não sei o que se passava no meu espírito, nem poderia dize-lo; era um desses momentos inefáveis, em que sentimos em nós alguma coisa que adormece e alguma coisa que desperta”. Victor Hugo- En voyage
Devaneios perpassam noites solitárias. De emoções e raciocínios acontecem os dias. Confesso: nunca fui boa em números, nem em lógica. Fazer programa de computador ou resolver equação de segundo grau nunca me amamentou tanto quanto a métrica de uma poesia. Sinceramente: a fluência de uma boa prosa me engravida. Faço letras de alma. De amor. Obrigação mata por estrangulamento. Não quero me suicidar. Será? Não. Chega. Esqueça: sem estúpidas morais, por favor.
Vou até o fim do abismo, só se for de mãos dadas com você meu amor. O amor me deixa impregnada de vida. Essa noite as cores exalam um brilho de lua cheia. Enche de vida o destino: dias sopram manhãs de luz crepuscular que iluminam mais que sol apino. O tempo muda muito rápido. Será o aquecimento Global? Será o inferno aqui?
Silêncio! Pssss. Tem alguém me chamando. Será alguém de NYC? Ou de algum lado de lá que já me esqueci? Será eu em Paris, África ou Tunísia? Será meu amor no seu peito ou seu gosto no meu inteiro?
Te amo. Te amo mesmo antes de te amar. Te amo por te prever ao meu lado rindo um riso saudável que conforta o espírito vagante que mora em meu corpo. Amo tua miração. Fico aconchegada no calor de palavras perfiladas em perfeição. Para todo o sempre teu beijo me fará sorrir dentro dos teus lábios.
Sou toda-inteira. Toda eu. Toda mulher. Devaneando solitária passeio o corpo pelo edredom vermelho e os dedos trafégam o teclado do laptop.Tem uma tela iluminada que dorme ao meu lado. Parceira de cama. De palavras. De segredos. Me derreto com o calor que as ventoinhas sopram entre minhas pernas. Em devaneios amanheço o dia e logo me vejo online. Vultos se misturam em telas iluminadas e desaparecem entre bordas de chats . Sou banhada de azul.
Bom dia. Good morning. Buenos dias. Bonjour. Guten Morgen. Boker tov. Kalimera... Devaneio nessa modernidade.

Um comentário:

  1. Nas esquinas se entrelassam os desejos, as mãos se estendem e os dedos se miram num alongar sintuoso caindo de saudades nas teclas online, os olhos vidram e o coração palpita, os corações apetecem, no sorriso uma rosa e no peito aultima sobra da noite. Noite solitario na cama de solteiro entre os sonhos embaraçosos do amor, mas nossos olhos se miram e nossos corpos anseiam pelo ele e respiro o mar mergulhado na saudade.

    Tarcísio Ramos

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