segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Camoeca


Madonna- Eduard Munch
Palavras caem, de um peito esfumaçado, sem começo e com muitos pontos finais. Parece que foi ontem. Parece que seria pra sempre. Por que nada é pra sempre? Por que? Em todos os recantos há gosto e cheiro. Em alguns cantos se descobre o desejo. Por que atropelamos os pés pelas mãos? Poderia ser tudo. Seria tão e tão bão! Todavia mulheres e homens não são o que poderiam ser. Tudo passa tão depressa.

Felicidade? Onde estará? Alguém viu? Estará esta ventura dentro da solidão? Até quando doses de felicidade devem ser aumentadas pelos médicos? Mais uma dose? Mais um! Mais um! Mais um!
Hoje, o único olhar verdadeiro que me perpassou foi o do garçom. Até hoje nada de entregas, nem acolhidas. Será pra sempre decepção? Sempre?
Lágrimas caem do céu estrelado. A boca do dileto não soltou nenhum som de amor. Seria ilusão a noite na cama tisnando? Que tem a ver sexo com amor? Que tem a ver a pessoa medrosa com a entrega? Amor é coragem. Onde diabos neste mundo haverá alguém sem medo na alma? Onde haverá alguém que olhe nos olhos profundamente? Onde haverá alguém que eu possa repousar meus pensamentos em seu peito sem medo de ser traída?
O vento sopra atrás da janela do apartamento. Aqui é quente. É preciso entender a insônia. Temos que ter parcimônia. Temos que fazer isso e aquilo. Temos? Essa maldita dor no peito parece que some, contudo ela volta e volta e volta.
Um sofá azul me engole e uma cama branca me cospe sem dó. Será renascer um momento estouvado? Serei eu fadada a não amar? Acontece que amo e amo e amo. Amo: pessoas, pensamentos, coisas, animais, plantas, crianças.... Amo. Como amo tanto e ainda não estou plena? Quem me nega de ser feliz sou eu mesma?

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